Artigo #18: O Espiritismo é especista?

Por Rafael van Erven Ludolf, membro do MOVE.

Atualizado pelo autor em 10 de abril de 2023.

Certa vez, nas minhas andanças enquanto profissional do Direito Animal, me deparei com um artigo numa das revistas científicas mais respeitadas mundialmente em sua área, a RBDA – Revista Brasileira de Direito Animal. O artigo tinha como título O Especismo Religioso. Esta Revista é a primeira a debater o Direito Animal na América Latina e conta com a contribuição de renomados pesquisadores/as. Atualmente ela se encontra classificada no estrato A1 da CAPES, o mais alto nível de classificação de periódicos científicos.

Por me dedicar aos animais também no movimento espírita, o assunto não me era novidade, fazia parte dos meus interesses, e por pesquisar constantemente esta temática estava a par do quanto determinadas religiões hegmônicas, como o cristianismo, contribuíram para o antropocentrismo e o especsimo. Ao continuar a leitura do artigo, me deparei com a palavra “Espiritismo” em seu resumo. O qual dizia:

“Este artigo investiga o que se pode denominar de Especismo Religioso, tendo por base o Velho Testamento, o Novo Testamento, o “Espiritismo/Kardec” e o Hinduísmo/Hare Krishna.” [1]

Que teria dito o autor sobre o Espiritismo? Na sua visão, seria o Espiritismo especista?

Em comparação com as demais religiões em análise, em que posição o autor enquadraria o Espiritismo quanto a consideração moral dos animais?

Teria, uma análise de alguém que não participa do movimento espírita uma visão mais imparcial de como o espiritismo está lidando com a questão animal?

Muitos curiosidades me surgiram e devorei o artigo. Posteriormente, tive a alegria de conhecer o autor, professor universitário com vasta titulação acadêmica no Direito, importante referência no Direito Animal.

Como mostrarei ao final deste texto, concordo quase completamente com a análise do autor, pois o movimento espírita majoritariamente tem tratado com indiferença a questão animal, ignorado as mensagens a favor dos animais da sua própria literatura, assim como os estudos animalistas, como a ética animal.

Quem sabe uma voz de fora, analisando uma realidade “de dentro”, possa ajudar o espiritismo a assumir o papel de inserir o Espiritismo no debate da inclusão dos animais e ecossistemas nas considerações morais, pois, infelizmente, nesse particular, me parece estar perdendo o bonde da história.

Não é a primeira vez que me deparo com trabalhos acadêmicos fazendo críticas ao espiritismo sobre o seu trato com os animais e o meio ambiente, e faz tempo que venho alertando isso aos espíritas. Noutra oportunidade, tomei ciência de uma pesquisa realizada por uma estudante de jornalismo, que visitou centros espíritas, igrejas protestantes, adventistas, católicas e outras espiritualidades, para mensurar quais tinham opções veganas em seus espaços, e o espiritismo ficou entre as últimas.

Em pleno século 21, o espiritismo está ausente das movimentações sociais e políticas pelos direitos dos animais, apesar de ter na sua literatura estímulos a esse engajamento. Fora do movimento espírita, se avança por vários ângulos no tema. São constantes, por exemplo, relatos de pessoas abandonando o espiritismo, especialmente os jovens espíritas, por não serem acolhidas em seu veganismo. A predominância do conservadorismo no espiritismo impede o debate pelos direitos animais.

Destaco que o autor analisou somente as obras O Livro dos Espíritos e A Gênese, e não as obras posteriores, como as de Chico Xavier, que contribuíram para a ampliação do entendimento espírita da alma dos animais e dos deveres humanos com eles.

Pela obra de Chico Xavier, é possível defender que na hierarquia evolutiva espírita, diferentemente de outras formas de hierarquias religiosas tradicionais, o ser humano, por se encontrar na fase evolutiva de humanidade, não está autorizado a oprimir os animais, ou seja, os animais não teriam sido criados para servir os humanos. O lugar evolutivo ocupado pelo humanos seria o de irmão, cuidador, não de opressor. Vejamos alguns trechos:

Frisou Emmanuel que

“o homem está para o animal simplesmente como um superior hierárquico” [2].

 Casimiro Cunha implorou que entendamos que

“os animais são nossos irmãos menores” [3]. .

Alexandre na obra de André Luiz advertiu que

“se não protegemos nem educamos aqueles que o Pai nos confiou (os animais), […] como exigir o amparo de superiores benevolentes e sábios?” [4].

Dito isso, antes de começar a analisar as conclusões do artigo, talvez alguns estejam se perguntado, o que é especismo? Explicarei em seguida, além de apresentar as premissas culturais do especismo, para ao final concluir com a análise do artigo.

Sigamos…

O que é especismo?

No mundo há muita discriminação, de tipos diferentes. Uma discriminação ocorre quando alguém recebe uma consideração moral menor do que outros ou é tratado pior do que outros devido a uma razão injustificada. Há discriminação contra certos seres humanos baseada em seu gênero, cor da pele, orientação sexual, e por outras razões [5].

Nesse passo, especismo seria a discriminação praticada pela espécie humana contra as outras espécies, não-humanas, semelhante ao racismo, sexismo e outros modos de inferiorização de outrem. Disse o filósofo Peter Singer: “o padrão é idêntico em todos os casos” [6].

O mesmo filósofo, ao escancarar o especismo e suas consequências com vistas a superá-lo, desenvolveu o chamado princípio de igual consideração de interesses semelhantes, que significa que moralmente devemos atribuir o mesmo peso aos interesses semelhantes de todos que são atingidos por nossos atos, independente de critérios moralmente irrelevantes, como sexo, raça ou espécie”[6].

Portanto, se damos consideração moral a outrem, significa que levamos em conta a maneira pela qual serão afetados por nossas ações e omissões, atitudes e decisões. Em contrapartida, se não levamos em conta os danos aos animais e ecossistemas significa que não lhes damos consideração moral ou os seus interesses importam menos. Desse modo, agimos de maneira especista e egoísta, já que agimos centrados em nós mesmos e consequentemente despreocupados com as vidas alheias.

Vale ressaltar que segundo O Livro dos Espíritos, do egoísmo deriva todo o mal, pois, “o egoísmo é incompatível com a justiça, o amor e a caridade: ele neutraliza todas as outras qualidades” [7].

O conceito de especismo é a base dos movimentos contemporâneos pelos direitos animais, que ganhou força no início da década de 1970, quando um grupo de filósofos da Universidade de Oxford começou a questionar porque o status moral dos animais não-humanos era necessariamente inferior à dos seres humanos. Esse grupo incluía o psicólogo Richard D. Ryder, que cunhou o termo “especismo” [8]. Foi a partir de um texto seu que o citado Peter Singer resolveu em 1975 lançar Libertação Animal, famoso livro que impulsiona o movimento animalista.

Oportuno frisar que se o especismo é um padrão historicamente encontrado nas sociedades humanas, ele ganhou inestimável força na Modernidade, com as invasões coloniais, a revolução industrial e o capitalismo, que institucionalizaram globalmente a separação do humano com o mundo natural, passando a classe dominante a explorar industrialmente a classe trabalhadora, os animais e à Natureza.

Atualmente, o especismo é entendido também como uma estrutura social de exploração, com base em interesses materiais, econômicos e de poder, ou seja, um especismo estrutural, do qual a sociedade no seu conjunto, mas sobretudo a elite no poder, obtém vantagem. O antiespecismo é, portanto, a crítica coerente a todas as relações de poder, mas sobretudo a ação voltada ao esfacelamento material destas relações. [8]

O especismo, no capitalismo, que media a relação humana com os animais e à Natureza, é uma falha grave que se incorporou na consciência humana, colocando em risco a sobrevivência da própria espécie humana, ante a emergêcia climática produzida por este mesmo sistema.

Na história, Aristóteles (384 a.C – 322 a.C), Santo Agostinho (354 – 430), Tomás de Aquino (1225 – 1274), René Descartes (1596 – 1650) e Immanuel Kant (1724 – 1804), só para citar alguns, advogaram pela exclusão dos animais não-humanos da esfera da moralidade humana. Para estes, os animais tinham somente um valor instrumental. O Direito, a Medicina, a Antropologia e outras ciências, assim como também as religiões e filosofias banalizaram o sofrimento dos animais tendo como referenciais estes e outros autores, que se de um lado contribuíram para o o conhecimento, para os animais foram deveras prejudiciais, como veremos a seguir.

Os legados grego, romano e das religiões de salvação.

Como destaca o professor Daniel Braga Lourenço, a linha do tempo da relação histórica humano x animal demonstra o ocidente recebendo o Legado Grego, que foi marcado pelo progressivo distanciamento do homem com o mundo natural, com algumas exceções, por exemplo Porfírio, Plutarco e Pitágoras, que prescreviam uma relação ética com os animais, tendo como base o vegetarianismo. Tom Regan, importante filósofo para a defesa dos direitos dos animais na atualidade, cita estes autores como os “Três Pês” vegetarianos. O neo-platônico Porfírio (233-306 d.C.) chegou a escrever a obra “Da abstinência” e afirmou que tentar convencer pessoas a tornarem-se vegetarianas é como “falar com barrigas que não têm ouvidos”. Já Pitágoras, vegetariano convicto, considerava a ingestão de carne algo abominável. Todavia, apesar de seus posicionamentos, tal pensamento não prevaleceu, sendo vencidos pelo especismo.

Prevaleceu, em verdade, o pensamento aristotélico, com a sua pirâmide evolucionária estática, segundo a qual cada forma ocupa uma posição permanente e previamente determinada dentro de uma hierarquia natural. Nessa concepção, o privilégio da alma era só do humano. Tudo mais que estivesse abaixo foi criado para serví-lo, relegado à irracionalidade. Daí decorrem suas conhecidas frases:

“A natureza fez todos os animais por causa do homem.”

“O homem é um animal racional.”

Igualmente, o ocidente recebe a influência do Legado Romano, com sua dicotomia pessoa/coisa, que determinou que só determinadas pessoas eram capazes de portar direitos subjetivos, enquanto uma “coisa” era tão somente um ente subordinado aos direitos subjetivos de alguém. Mulheres, crianças, deficientes mentais, escravizados e animais foram rotulados sob esta última categoria. “Os animais seriam coisas, situadas no âmbito do direito de propriedade”, conforme afirma Lourenço [8]. O Direito Brasileiro carrega ainda este ranço romano, tendo, por exemplo, ainda hoje em pleno século 21, civilistas qualificando os animais na categoria de coisas, propriedades, objetos, bens móveis!

O último, é o Legado das Religiões de Salvação. Obviamente, nem todas as religiões ou sistemas de crenças são especistas, há exceções, como o Jainismo, criado no século 6 a.C na Índia, só para citar um exemplo. O Jainismo é a sétima religião da Índia e conta com aproximadamente 4 milhões de adeptos, que são estritamente vegetarianos por acreditarem que assim como os humanos as plantas e os animais possuem alma, e todas as almas devem ser tratadas com respeito e compaixão. Para eles, o ahimsa (não-violência) com a prática do vegetarianismo é uma das maneiras de eliminar o karma. Todavia, majoritariamente, no Ocidente, disseminou-se a tradição judaico-cristã, que, no caso, é a que mais influenciou o sistema antropocêntrico-especista.

As religiões de salvação demarcaram a elevação do homem como ser especial, superior e destacado hierarquicamente do restante da criação, sendo feito à imagem e semelhança de Deus, enquanto as demais criaturas não-humanas deveriam ser dominadas, a mando do próprio criador. A interpretação literal e ortodoxa de Genêsis 1, 28-31, só para citar um exemplo, entendeu o “[…] DOMINAI sobre os peixes do mar, as aves do céu e todos os animais que rastejam sobre a Terra” como um mandamento de exploração e subjugação dos animais, e toda sorte de crueldade contra estes seres se arrasta até os dias atuais, colocando-se na conta de Deus tal ordenação.

Nesse passo, até mesmo Jesus de Nazaré foi (e ainda é) utilizado como fundamento para legitimar a exploração e consumo de animais, mesmo pelo movimento espírita, pois é comum ouvir nas palestras e atividades espíritas o uso descontextualizado da afirmativa atríbuida a Jesus: “não é o que entra pela boca que contamina o homem” (Marcos 7: 1-23). Esta talvez seja a passagem evangélica mais erroneamente interpretada e distorcida, pois não estava em discussão a ética da alimentação, seja ela vegetariana ou não. Estava em análise uma suposta transgressão da tradição dos anciãos pelos discípulos de Jesus, tendo ele, com assertividade, avaliado a hipocrisia dos fariseus, que exigiam que se lavasse as mãos antes de comer pão mas transgrediam mandamentos maiores, como o de honrar pai e mãe.

A interpretação literal deste versículo coloca Jesus como indiferente ao uso de substâncias nocivas, como drogas e venenos, assim como despreocupado com o sofrimento dos animais.

O mandamento “não matarás” que compõe o decálogo fora igualmente interpretado em desfavor dos animais, e isso não tão somente antes da era Cristã, mas nos dias atuais. Pode-se ler Santo Agostinho (354 – 430) e Tomás de Aquino (1225 – 1274) advogando que tal mandamento não se aplicava aos animais, segundo consta textualmente em suas obras [9]. Ainda hoje, vê-se muitos religiosos sustentando tal entendimento, inclusive espíritas. Vejamos os seus escritos:

Santo Agostinho:

“…a carência de razão interdiz qualquer sociedade conosco, donde se segue que justo desígnio da Providência pôs a vida e a morte deles à disposição de nossas necessidades” [9].

Tomás de Aquino:

“…Refuta-se o erro dos que afirmam ser pecado ao homem matar os animais irracionais, pois eles, pela providência, foram ordenados na ordem natural, para o homem. Por isso o homem se serve deles sem injúria, quer matando-os, quer utilizando-os de outro modo” [9].

Em alguma medida, o espiritismo se afastou destas ideias, como temos destacado no MOVE. Vejamos o que disse Emmanuel, em obras diversas:

“Os animais têm a sua linguagem, os seus afetos, a sua inteligência rudimentar, com atributos inumeráveis. São eles os irmãos mais próximos do homem, merecendo, por isso, a sua proteção e amparo” [2].

“A vida do animal apresenta uma finalidade superior que constitui a do seu aperfeiçoamento próprio” [10].

Na mesma direção, argumentou Allan Kardec:

“O orgulho levou o homem a dizer que todos os animais foram criados por sua causa e para satisfação de suas necessidades. […] Deus, decerto, não as criou por simples capricho da sua vontade, para dar a si mesmo, em seguida, o prazer de as aniquilar, pois que todas tinham vida, instintos, sensação de dor e de bem-estar. Com que fim ele o fez? Com um fim que há de ter sido soberanamente sábio…” [11].

A seguir, destaco um texto espírita que pode ser de incentivo aos espíritas para darem mais valor aos textos espíritas a favor de uma ética animal, e que se distanciam de argumentos religiosos que excluem os animais das considerações morais. O texto se afasta do entendimento acima sobre o “não matarás. Segundo o espírito Humberto de Campos, pela psicografia de Chico Xavier, disse Jesus:

“Reza a lei do passado: Não matarás; eu, porém, vos digo que não se deve matar em circunstância alguma e que se faz indispensável a vigilância sobre os nossos impulsos de oprimir os seres inferiores da Natureza, porque, um dia, responderemos à Justiça do Criador Supremo pelas vidas que consumimos” [12]

Recentemente, o Papa Francisco, líder da Igreja Católica, emitiu a Encíclica chamada Laudato Si, um importante documento socioambiental que em certo ponto trata do debate acima. Disse o Papa:

“Hoje, a Igreja não diz, de forma simplista, que as outras criaturas estão totalmente subordinadas ao bem do ser humano, como se não tivessem um VALOR EM SI MESMAS e fosse possível dispor delas à nossa vontade” [13].

Enfim, tais cruéis demarcações daqueles que têm direito de ser e de não-ser, seja pelos legados greco-romanos e judaico-cristãos, levou os animais a situações quase inacreditáveis, que, se não fosse por comprovações históricas, talvez estariam relegadas às lendas urbanas. Como se verá a seguir.

A indiferença moral, o julgamento animal e seu linchamento como objetos de ódio.

Lamentavelmente, as consequências desta construção de indiferença moral para com os animais ocasionou que desde o final da Idade Média até o século passado, houvesse uma enorme quantidade de processos judiciais que culminaram com condenações de animais, seja em tribunais seculares ou eclesiásticos em todos os cantos da Europa. Ocorria o que se pode chamar de Responsabilidade Animal.

“Ratos, aves, toupeiras, gafanhotos, cães, porcos e etc eram julgados com todas as formalidades e solenidades” [8].

Mas você deve estar se perguntando por qual motivo os animais eram responsabilizados judicialmente, seja por danos às pessoas ou aos seus patrimônios? Era por causa da dita ordem natural. Vejamos mais um destaque do professor Daniel Braga Lourenço, referência no tema da ética e direito animal e ambiental:

“A morte do ser humano por uma “besta” subvertia a ordem natural e quebrava os mandamentos divinos. Ao matarem ou lesarem uma criatura dita superior, ameaçavam a “ordem natural” e (…) negavam a suposta divina hierarquia da criação. Os julgamentos funcionavam com a finalidade precípua de restaurar a ordem perdida” [8].

.O legado das religiões contribuiu sobremaneira para que os animais fossem vistos como seres criados para servirem aos interesses humanos, sem valor intrínseco ou finalidade próprias. O movimento espírita faz o mesmo?

De igual crueldade, os animais eram utilizados como objetos de ódio. Alguns membros das classes exploradas agrediam os animais para vingar os insultos que eram obrigados a suportar da classe dominante. A tortura de animais pela população, nesse contexto, era bastante comum em toda a Europa.

Longe de ser uma fantasia sádica de parte de poucos loucos, (…) a crueldade para com os animais expressava uma corrente profunda da cultura popular” [8].

Outro autor, Keith Thomas, com sua notável obra chamada “O Homem e o Mundo Natural – Mudanças de atitude em relação às plantas e aos animais (1500-1800)”, ao estudar a sociedade inglesa desse período demonstrou com uma vasta citação de registros daquela época, a violência do homem com os animais, vindo a registar que “a crueldade mais corrente, no início do período moderno, era  a INDIFERENÇA. Para a maioria das pessoas os bichos estavam fora dos termos de referência moral.” [14].

Aqui vale lembrar uma afirmação do espírito Lázaro em O Evangelho Segundo o Espiritismo: “A virtude da vossa geração é a atividade intelectual; seu vício é a indiferença moral” [15].

Tal discriminação moral com tudo o que não seja humano, aliada ao sistema capitalista que organizou industrialmente esta crueldade, levou a soceidade à condição de consumidores vorazes da Terra, resultando num colapso socioambiental sem precedentes. Mudanças climáticas, escassez de água doce, produção monumental de lixo, desertificação do solo, destruição sistemática e veloz da biodiversidade, acidez dos oceanos e etc têm sido os rastros humanos no planeta, levando os cientistas a declararem que estamos promovendo um ecocídio! [16].

Como sustentáculo deste padrão egóico, estão os conceitos antropocêntricos e especistas já derrubados pela ciência (e contestado pelo espiritismo). Por exemplo, que os animais são irracionais, não têm linguagem, não têm inteligência, não sofrem, não sentem, não socializam, não se importam com suas vidas, não têm alma, não evoluem etc., como afirmou René Descartes (1596 – 1650) em sua teoria do animal-máquina:

“Os humanos possuem alma e são capazes de pensamento e linguagem, e OS ANIMAIS SÃO MÁQUINAS, AUTÔMATOS, TAL COMO UM RELÓGIO, isto é, agem automaticamente” [9].

Alguns espíritos que participaram da obra de Allan Kardec se contrapuseram a esse pensamento de Descartes, asseverando:

“os animais não são simples máquinas, como supondes” [17].

Assim, delineadas as premissas culturais do especismo e as contradições do espiritismo, pois apresentam textos a favor da ética animal mas na prática pouco se faz pelos animais, passemos à análise do artigo do autor.

O Espiritismo é especista?

O artigo foi publicado em 2011, contém 60 páginas e pode ser acesso e baixado diretamente do site do periódico científico, neste link:

https://portalseer.ufba.br/index.php/RBDA/issue/view/935

Inicialmente, o autor avalia se há importância em abordar a questão religiosa para a compreensão do Direito dos Animais, concluindo que sim, uma vez que a religião é mote central na formação do senso comum, um poderoso ingrediente do caldo cultural, que não pode ser subestimada ou relegada na investigação da problemática concernente à imagem que os seres humanos majoritariamente têm dos seres não-humanos e das relações que mantêm com eles.

De igual maneira, como apresentei acima, o autor delineia os aspectos negativos das religiões na formação da cultura especista, e afirma que não há dúvidas que se o cristianismo, o islamismo, o judaísmo e outras religiões (mesmo com suas diferenças ontológicas) tivessem abraçado o vegetarianismo e a ideia de que toda vida conserva um valor inerente, a situação dos animais e da natureza seria deveras melhor.

Destaca que a importância do aspecto religioso se dá por dois motivos, 1º) A opressão humana diante dos animais pode ser entendida, ao menos parcialmente, tendo por esteio receituários religiosos. 2º) A religião pode ser libertária, abolicionista da exploração humana perante os animais. Frisa que sentimentos como amor, caridade, compaixão, são sentimentos de extrema importância para a causa animal.

Nesse ponto, oportuno frisar a dedicação do movimento espírita à caridade e o esforço de aquisição das demais virtudes acima descritas. Todavia, fato é que a pregação e vivência destes preceitos geralmente não é extensiva aos animais, apesar das tantas mensagens dos espírito neste sentido. Portanto, adiantando a conclusão do autor, este comportamento é especista.

A contradição é evidente, pois os espíritos foram enfáticos ao pedir que as noções de caridade fossem estendidas também aos aniais e à Natureza. Vejamos o que disse Emmanuel:

“Recebei como obrigação sagrada o dever de amparar os animais na escala progressiva de suas posições variadas no planeta. Estendei até eles a vossa concepção de solidariedade, e o vosso coração compreenderá, mais profundamente, os grandes segredos da evolução, entendendo os maravilhosos e doces mistérios da vida” [2].

Aliás, na teologia espírita, as metas do cristão espírita são a vivência da “Lei de Justiça, Amor e Caridade” e do “Maior Mandamento”, os quais foram especificamente interpretados nas obras espíritas como só podendo ser integralmente vividos se neles for incluído aí o amor aos animais e à Natureza. Nesse particular, mais de uma vez Joanna de Ângelis destacou que é inerente ao processo de iluminação interior o sacrifício em favor das demais vidas não-humanas. Vejamos:

“É através da sua vibração de generosidade que se desdobram os sentimentos de benevolência para com todos, de simpatia e afeto por todas as formas de vida, mesmo não sencientes: montanhas, pedras e metais diversos, vales, rios e mares, florestas e jardins […]. Não se pode amar e sentir compaixão apenas dos seres pensantes, sem uma correspondência com os demais que constituem a ordem universal, particularmente no planeta-mãe, que é a Terra” [18].

Indo além, disse Joanna de Ângelis que o amor aos animais, vegetais, minerais é necessidade que se impõe para assumirmos verdadeiramente a condição de humanidade, não se tratando apenas de obras de caridade, mas de desabrochamento de potenciais latentes. Disse a benfeitora:

“Novamente, o aspecto da compaixão adquire significado, porquanto a busca da Natureza e das suas várias expressões, como fases da evolução da vida, deve ser considerada como ESSENCIAL, a fim de alcançar o SENTIMENTO DE HUMANIDADE”. O indivíduo que se apiada do sofrimento do seu próximo – vegetal, animal ou humano – desejando ajudá-lo, FACILMENTE SE ILUMINA, em face do conhecimento que possui em torno do significado existencial da vida na Terra. Esse fenômeno é resultado das tendências universais resultantes do processo da evolução moral, manifestando-se nesse expressivo sentimento de compaixão, dos mais altos que a psique humana pode exteriorizar” [18].

Em O Livro dos Espíritos, o espírito S. Vicente de Paulo, no capítulo que trata da “Lei de justiça, Amor e Caridade”, ou seja, aquela que segundo Allan Kardec resume todas as outras Leis Morais, disse:

“sede brandos e benevolentes para com tudo o que vos seja inferior. Sede-o para com os SERES MAIS ÍNFIMOS DA CRIAÇÃO e tereis obedecido à lei de Deus.” [19]

De modo, então, que existe prescrição espírita na direção de uma ética animal de tipo espírita, mas, contradiotiramente o movimento espírita não a vive nem a recomenda, é possível concluir que o movimento espírita é especista.

Retornando ao artigo, para o autor, o Antigo Testamento definitivamente não é obra simpática aos animais, sequer acolhedora, muito menos reconhece seu valor intrínseco. Entretanto, a análise do autor é limitada pela sua interpretação literal. O autor então narra que a expulsão do Paraíso foi decorrência de uma sugestão de um animal, uma serpente, “o mais astuto de todos os animais da terra”, cita também que as primeiras roupas de pele já feitas o foram pelo próprio Deus, que as presenteou a Adão e Eva quando da saída do Paraíso. E apresenta uma série de relatos de sacrifícios de animais, culminando no mais famoso que é o de Abraão, que a ponto de matar seu filho como prova de obediência e amor a Deus foi impedido por um anjo e na sequência apanhou um carneiro que estava perto e o sacrificou em lugar do filho. Para o autor, a conclusão é patente: A vida do filho de Abraão, ser humano, vale mais do que a vida de um animal; ou Deus não aceita o sacrifício de um humano, mas de um animal.

Seguindo para o Novo Testamento, o autor crê que não há melhora na situação dos animais, que ela permanece a mesma. E passa a narrar diversas passagens dos Evangelhos e de Atos dos Apóstolos relacionadas aos animais e à Natureza. Cita Jesus afirmando a superioridade humana em relação aos animais, quando disse, por exemplo: “Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem segam, nem fazem provimentos nos celeiros: e contudo vosso Pai Celestial as sustenta. Porventura não sois vós muito mais do que elas?” Cita também o episódio da figueira, quando Jesus busca um fruto, mas, como não encontra, amaldiçoa e seca a figueira, o que para o autor demonstra que Jesus não considera que há um valor intrínseco na Natureza. Narra também a ocasião em que Jesus expulsa espíritos de um possesso que gritava e se feria, e ordena que incorporem nos porcos, cerca de dois mil animais, os quais morrem afogados.

Essas interpretações do autor, por mais que se refiram mais à letra do texto, seguem na linha do que fazem as religiões tradicionais, as quais majoritariamente colocam Jesus como um ser indiferente aos animais e ecossistemas. O movimento espírita segue na mesma linha, o que dá margem para que seja entendido como especista, como fez o autor.

É contraditório, pois a literartura espírita e os espíritas colocam Jesus como o “Divino Escultor da Terra”, que “criou o indispensável à existência de todos os seres” [21], como um ser que já ultrapassou o nível evolutivo da fase de humanidade, chegando ao “mais alto grau da hierarquia celeste” [22]. Seria então um ser desta envergadura especista, indiferente ao sofrimento dos animais?

E, obviamente, o autor cita aquela passagem mais usada pelos espíritas e adeptos de outras religiões para fundamentar o consumo de animais: “Não é o que entra pela boca que contamina o homem, mas o que sai da boca.”

Chegando, finalmente, à interpretação do autor em relação ao Espiritismo, após fazer uma análise das questões do capítulo Os Três Reinos de O Livro dos Espíritos, o autor faz elucubrações fundamentais para concluir que, em sua visão, o Espiritismo é especista.

Narra, com razão, que o assunto da alma dos animais não costuma fazer parte dos debates e atividades espíritas[1].

E isso é fácil de ser constatado, basta pesquisar o tema animais/vegetarianismo/veganismo nas atividades presenciais e virtuais das federativas e centros espíritas (vídeos, palestras, seminários, congressos, atividades infanto-juvenis, grupos de estudo, revistas e etc). Infelizmente pouco se encontrará! Quase todas as atividades espíritas são relativas à espécie humana, sendo as espécies não-humanas quase que ignoradas. Raros são os eventos e cantinas espíritas que tenham opção de alimentação vegetariana, além do que são raras também as instituições espíritas que permitem ou oferecem tratamento espiritual aos animais, e aquelas que oferecem, geralmente sofrem exclusões.

Este cenário parece estar mudando. Todavia, ainda está muito distante do ideal, levando em consideração a antiguidade das mensagens dos espíritos e a baixa qualidade do pouco que se diz sobre os animais no movimento espírita, geralmente dizendo que não há problemas no consumo de animais e derivados e que se há problemas isso não é para agora, mas para preocupação num futuro distante.

Em outras palavras, dão a entender que o chamado “Consolador Prometido” não é para os animais, mas só para os humanos. O que provoca artigos científicos como este, afirmando que o Espiritismo é especista, com razão.

Vejamos os dizeres do autor sobre a subalternização do tema da alma dos animais pelos espíritas:

“O assunto, contudo, não costuma ocupar a centralidade dos debates espíritas, segue em uma posição relativamente secundária. Daí que, por exemplo, a maioria dos espíritas (como, aliás, a maioria das pessoas humanas) não se preocupe ou não tenha despertado para os direitos dos animais, para a discussão filosófica, teológica acerca do status dos animais” [1]

E sobre a prática mediúnica, o autor faz um importante alerta, para fundamentar a sua conclusão de que o espiritismo é especista:

“Daí que, salvo em algumas casas espíritas e via de regra a fim de preservar uma boa prática mediúnica ou de oração, pede-se ou proíbe-se o consumo de carne em dias de sessão. Deveras, VIA DE REGRA NÃO PELOS ANIMAIS, MAS PELOS HUMANOS, PELOS ESPÍRITOS” [1]

Ou seja, para o autor, os direitos dos animais e seus legítimos interesses de viver não são levados em consideração, pois pede-se não consumi-los não para o bem dos próprios animais, mas para o bem dos humanos. Essa discriminação tem nome, como vimos, se chama especismo.

Portanto, seguindo para a conclusão, o autor aponta uma triste realidade do movimento espírita:

“O vegetarianismo e a rejeição de artigos provenientes de animais, como couro, peles variadas, NÃO É PILAR DO ESPIRITISMO conforme majoritariamente percebido e exercido desde os seus primórdios até a atualidade” [1].

Isto é tão real e tão contraditório ao movimento espírita, uma vez que foi em 1941, ou seja, há quase 80 anos que Emmanuel afirmou a importância do vegetarianismo, na clássica obra O Consolador editada pela FEB. Vejamos o que disse Emmanuel sobre o consumo de animais:

“A ingestão das vísceras dos animais é um erro de enormes consequências, do qual derivam numerosos vícios da nutrição humana. É de lastimar semelhante situação, mesmo porque, se o estado de materialidade da criatura exige a cooperação de determinadas vitaminas, esses valores nutritivos podem ser encontrados nos produtos de origem vegetal, sem a necessidade absoluta dos matadouros e frigoríficos.” [23]

Existem, também, textos espíritas enfatizando que o abate de animais e o seu consumo facilita, por exemplo, a obsessão, o vampirismo, os desencarnes prematuros pelas energias enfermiças que são absorvidas pelo corpo espiritual e físico, e os quais geram enfermidades graves, suicídios indiretos, que os Centros Espíritas se esforçam para auxiliar, só que desconsiderando tais textos espíritas, não utilizando tais informações como aliados à saúde única dos humanos e não-humanos.

O espírito Humberto de Campos, também recomendou a transição alimentar para o vegetarianismo:

“Comece a renovação de seus costumes pelo prato de cada dia. Diminua gradativamente a volúpia de comer a carne dos animais. O cemitério na barriga é um tormento, depois da grande transição.[24].

Outro espírito, Alexandre, enfatizou que o consumo de animais para obtenção da proteína é um mero pretexto, uma desculpa, e descreve como a nossa inteligência se equivoca quando a exerce para a criação, comercialização, abate e consumo de animais:

“A PRETEXTO de buscar recursos proteicos, exterminávamos frangos e carneiros, leitões e cabritos incontáveis. Sugávamos os tecidos musculares, roíamos os ossos. Não contentes em matar os pobres seres que nos pediam roteiros de progresso e valores educativos, para melhor atenderem a Obra do Pai, dilatávamos os requintes da exploração milenária e infligíamos a muitos deles determinadas moléstias para que nos servissem ao paladar, com a máxima eficiência. (…) Encarecíamos, com toda a responsabilidade da Ciência, a necessidade de proteínas e gorduras diversas, mas esquecíamos de que a nossa inteligência, tão fértil na descoberta de comodidade e conforto, teria recursos de encontrar novos elementos e meios de incentivar os suprimentos proteicos ao organismo, sem recorrer às indústrias da morte. Esquecíamos de que o aumento dos laticínios, para enriquecimento da alimentação, constitui elevada tarefa, porque tempos virão para a humanidade terrestre, em que o estábulo, como o lar, será também sagrado” [25].

Por fim, encerra o autor, utilizando um texto espírita tão repetido, aquele da fé raciocinada, que infelizmente tem sido categoricamente ignorado pelo movimento espírita no que tange à relação humana com os animais e à Natureza, negando os pareceres científicos que demonstram que não mais necessitamos de se alimentar de animais de produtos derivados da sua exploração, os quais, na verdade, têm nos trazido prejuízos de ordem social, ambiental, política e ética. Narra o autor:

“Em O livro dos médiuns, a epígrafe está assim vazada: “Fé inabalável só o é aquela capaz de encarar de frente a razão, em todas as épocas da humanidade.” A fé continuará, pois, sendo posta à prova diante da razão. Mas, não apenas da razão, conforme muitas vezes concebida e, neste campo, tida como insuficiente. A fé deve ser capaz de sorrir quando defrontada com a sensibilidade. Afinal, a fé se apresenta como um misto ótimo de razão e sentimento” [1].

Traduzindo, o autor adverte que a razão que ignora as recomendações da ciência e de sua própria doutrina, está adoecida, e que a fé que não se sensibiliza diante da crueldade contra os animais, está cega.

O momento é grave, de emergência climática! Portanto, que as críticas do autor possam servir ao movimento espírita como instrumento de mudanças em sua teoria e prática, para incluir tabem a defesa social dos animais na sua ética espiritualista.

Sigamos…

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Referências:

[1] OLIVEIRA, F. C. S. Especismo Religioso. Revista Brasileira de Direito Animal, 8, p. 161-220. https://portalseer.ufba.br/index.php/RBDA/article/view/11060

[2] XAVIER, F. C.; EMMANUEL (Espírito). Emmanuel. 28 ed. 5 imp. Brasília: FEB, 2016. 208 p. Capítulo 17 “Sobre os animais”, pp. 109-113.

[3] XAVIER, F. C.; CASIMIRO CUNHA (Espírito). Cartilha da Natureza: A Criação. Rio de Janeiro: FEB, 2008. 96 p. Capítulo “Os animais”, pp. 25.

[4] XAVIER, F. C.; ANDRÉ LUIZ (Espírito). Missionários da Luz. 45 ed. 3 imp. Brasília: FEB, 2015. 382 p. Capítulo 4 “Vampirismo”, pp. 42-46, pelo benfeitor Alexandre.

[5] https://www.animal-ethics.org/etica-animais-secao/especismo-pt/

[6] SINGER, Peter. Libertação Animal. Porto Alegre: Lugano, 2004.

[7] KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 93 ed. 1 imp. Brasília: FEB, 2013. Questão 913.

[8] https://lavrapalavra.com/2020/08/19/o-antiespecismo-como-apropriacao-da-classe-trabalhadora-entrevista-com-marco-maurizi/

[8] LOURENÇO, D. B. Direito dos animais: fundamentação e novas perspectivas. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor, 2008.

[9] SUSIN, L. C.; ZAMPIERI, G. A vida dos outros: ética e teologia da libertação animal. São Paulo: Paulinas, 2015.

[10] XAVIER, F. C.; EMMANUEL (Espírito). O Consolador. 29 ed. 5 imp. Brasília: FEB, 2017. 305 p. Capítulo 2 “Filosofia”, item 2.1. “Vida”, subitem 2.1.1. “Aprendizado”, questão 128, pp. 90.

FRANCO, D. P.; JOANNA DE ÂNGELIS (Espírito). Garimpo de amor. 6 ed. Salvador: LEAL, 2015. 200 p. Capítulo 18 “Amor e conflitos”, pp. 119.

[11] KARDEC, A. A Gênese. 3 ed. Catanduva: INSTITUTO BENEFICENTE BOA NOVA, 2007. 347 p. Capítulo 7 “Esboço geológico da Terra”, item 32, pp. 127-128.

[12] XAVIER, F. C.; IRMÃO X (Espírito). Pontos e Contos. 13 ed. 2 imp. Brasília: FEB, 2016. 270 p. Capítulo 33 “A dissertação inacabada”, pp. 166.

[13] http://www.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-francesco_20150524_enciclica-laudato-si.html

[14] THOMAS, Keith. O homem e o mundo natural – mudanças de atitude em ralação às plantas e aos animais (1500-1800). São Paulo: Companhia das Letras, 1988.

[15] KARDEC, A. O Evangelho segundo o Espiritismo. Capítulo IX – Bem-aventurados os que são dóceis e pacíficos. Instruções dos Espíritos. Obediência e resignação.

[16] TRIGUEIRO, A. Espiritismo e Ecologia. 3ª ed. 2 imp. Brasília: FEB, 2013. Capítulo “Sinais de Alerta”. pp. 15-16.

[17] KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 72 ed. São Paulo: LAKE, 2014. 359 p. Livro segundo “Mundo espírita ou dos Espíritos”, capítulo XI “Os três reinos”, item II “Os animais e o homem”, questão 595, pp. 216.

[18] FRANCO, D. P.; JOANNA DE ÂNGELIS (Espírito). Encontro com a Paz e a Saúde. 5 ed. Salvador: LEAL, 2016. 232 p. Capítulo 10 “Em busca da iluminação interior”, item “Processo de autoiluminação”, pp. 198-201.

[19] KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 72 ed. São Paulo: LAKE, 2014. 359 p. Livro Terceiro “Das Leis Morais”, capítulo XI “Lei de Justiça, Amor e Caridade”, item III “Caridade e Amor ao Próximo”, questão 888-a, por São Vicente de Paulo, pp. 295-296.

[20] https://eticaanimalespirita.org/2020/02/17/o-espiritismo-e-o-consumo-de-animais/

[21] XAVIER, F. C.; EMMANUEL (Espírito). A Caminho da Luz. 38 ed. 1 imp. Brasília: FEB, 2013. 206 p. Capítulo 1 “A gênese planetária”, item “O Divino Escultor”, pp. 21-22.

[22] KARDEC, A. Revista Espírita de fevereiro de 1868. FEB. Instruções dos Espíritos. Os messias do Espiritismo. Resposta dada pelo espírito Lacordaire.

[23] XAVIER, F. C.; EMMANUEL (Espírito). O Consolador. 29 ed. 5 imp. Brasília: FEB, 2017. 305 p. Capítulo 2 “Filosofia”, item 2.1. “Vida”, subitem 2.1.1. “Aprendizado”, questão 129, pp. 90-91.

[24] XAVIER, F. C.; IRMÃO X (Espírito). Cartas e Crônicas. 14 ed. 3 imp. Brasília: FEB, 2015. 167 p. Capítulo 4 “Treino para a morte”, pp. 18.

[25] XAVIER, F. C.; ANDRÉ LUIZ (Espírito). Missionários da Luz. 45 ed. 3 imp. Brasília: FEB, 2015. 382 p. Capítulo 4 “Vampirismo”, pp. 42-46, pelo benfeitor Alexandre.

7 respostas
  1. Guilherme Salustiano de Freitas
    Guilherme Salustiano de Freitas says:

    Agradeço pelo artigo,e peço desculpas se caso ocorreu algum erro de entendimento no meu comentário acima.
    Peço por gentileza que se puderem me orientar ou apagar meu comentário acima agradeço,para melhor elucidação.
    Com certeza,devemos cada vez mais diminuir essas idéias especistas que ocorrem no movimento espírita.Disse em na outra mensagem que na verdade acredito que a maioria dos espíritas não agem de tal forma,pois até hoje o contato que tive com palestrantes e espíritas, não expressava essas idéias especistas.Por isso em maior parte acredito que o Espiritismo ,assim como outros religiosos em sua maioria (espero)não defendem o especismo,mesmo se alimentando de carne,pois é importante lembrar que :”Aquele que come , não é o mesmo que aquele que mata”,nem por isso com o tempo vamos deixar a idéia de ser vegetarianos, já que se mostra justamente ao contrário e demostra uma evolução no amor para com os animais.
    Que possamos evoluir sempre com Jesus ,que Deus acompanhe a todos❤️

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  2. Guilherme Salustiano de Freitas
    Guilherme Salustiano de Freitas says:

    Bom;devemos considerar que são pequenos grupos isolados ;que não podemos dizer que são espíritas;pois não pregam a igualdade e o amor para com a vida. A maioria não haje de tal maneira,e concordo com a afirmativa devemos tentar acabar com mitos em relação a doutrina espírita,que expressa em excelência o Amor e acabar com qualquer movimento de indiferença moral,Deus os abençoe

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  3. Wagner de Paiva
    Wagner de Paiva says:

    Os colaboradores espirituais da Doutrina Espírita, dentro eles Emmanuel, Joana de Angelis, Humberto de Campos, deram provas irrefutáveis de suas visões anti-especista, quando, todos eles, se expressaram, valorando nossos irmãos, os animais. Por outro lado, nós, encarnados, em sua maioria absoluta, ainda não atingimos o estágio de compreensão e maturidade espiritual na altura moral dos irmãos acima. Certamente Deus nos situou nesse planeta divino para promover o devido burilamento que precisamos e, isso demanda tempo, que, para muitos, está terminando. A pandemia que se expressa através de um vírus “contagiante”, é uma amostra do que vêm por aí. Nessa fase ou estágio que a Terra se submete nesse momento, prepara-se para o renascimento de uma nova era. A era da fraternidade universal e, para tanto, seremos intimados a mudar nosso modo de viver e conviver conosco e com a natureza e, os animais, nesse contexto, terão o tratamento, o apreço e carinho devidos, como demonstrou os irmãos da espiritualidade em suas preciosas observações na publicação, acima.
    O planejamento estabelecido para o nosso orbe, contempla um mundo de Regeneração, onde o bem suplantará o mal e, nessa perspectiva, os nossos irmãos animais deverão receber a atenção e o amor que eles verdadeiramente merecem.

    Responder
  4. Sandra
    Sandra says:

    O espiritismo não, mas alguns espíritas, claramente sim. São especistas sempre que desconversam quando o assunto é veganismo, quando se lhes apresentam documentários, imagens e vídeos sobre o assunto e eles se recusam a assistir; quando questiona-se o fato de denominarem IRMÃOS os animais que saboreiam fatiados no sanduíche e quando, já à beira do descontrole e da exasperação, correm para o Livro dos Espíritos, buscando nele, o beneplácito à sua prática equivocada. No entanto, nenhuma preocupação mais relevante deveria abalar o nobre coração dos veganos e vegetarianos, quanto à teimosia destes renomados espíritas, uma vez que, o futuro das religiões, inclusive da religião espírita, é NENHUMA, graças a Deus. A tendência é sermos bons por natureza, sem os condicionamentos afetos à líderes espirituais, embora respeitáveis, que deixaram sua marca no tempo e na História e passaram, legando ao mundo suas considerações, psicografadas ou não,como remédios importantes para as doenças de hoje e para os enfermos de agora, inexistentes no Futuro Regenerado, por isso, desnecessária a receita deles. Sem doentes, para que os remédios? Por isso, se alguns espíritas ainda não alcançaram o patamar vegano, onde a compaixão se estende por todas as espécies, não apenas a humana, azar o deles; terão de correr para pegar o bonde, se não quiserem se atrasar para a festa, onde animais participarão, também, mas vivos e não, fumegando na panela. Por enquanto, o especismo de alguns espíritas continua sendo deles, por conveniência gustativa e de quantos o apoiem pelo mesmo motivo, porque impreterivelmente mudarão de opinião diante da realidade do tempo que passa para transforma-los em humanos melhores e mais coerentes com suas convicções espiritualistas, por enquanto contraditórias. Por enquanto, por mais veneráveis e renomados estejam situados na hierarquia espírita, em matéria de caridade para com os animais são apenas alunos recém chegados à Escola, sobraçando seus livros e apontamentos e procurando sua carteira onde se assentarão para estudar tudo de novo.

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  1. […] noutro artigo (https://eticaanimalespirita.org/2020/04/08/o-espiritismo-e-especista/) como determinadas tradições religiosas e também o movimento espírita (não o Espiritismo) têm […]

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