Card #35: “Toda destruição antecipada entrava o desenvolvimento do princípio inteligente. Foi por isso que Deus deu a cada ser a necessidade de viver e de se reproduzir”

Temos interrompido a vida dos animais antecipadamente?

Quais as consequências disso não só para a evolução dos animais como para a humana?

Deus, infinito em sua bondade, impõe um determinismo à toda sua Criação, como uma espécie de doce “condenação”: o determinismo da felicidade, que se espraia num encadeamento sublime, como atesta Emmanuel:

“Perante a Eterna Sabedoria, todos estamos interligados, as pedras e as flores, os animais e os homens, os anjos e os astros, numa cadeia de amor infinito.” [1]

Demoremo-nos ou não nesta jornada, por conta de nossos erros e desvios, chegará um dia no qual seremos plenos de amor e júbilo. Todos: homens e animais, como atesta Cairbar Schutel:

“O cão é sempre o cão, como o asno é sempre asno, mas o Espírito que anima aqueles corpos vem de longe e destina-se às esferas elevadas onde reina a felicidade.” [2]

Este cenário ditoso e amoroso aguarda por todos nós, humanos e animais. Ao invés da imposição da dor aos nossos irmãos inferiores, não deveríamos tutelá-los, rumo ao cumprimento do determinismo divino?

Façamos o seguinte exercício:

Imagine um mundo no qual nossos bebês sejam objetos da determinação de uma raça mais forte, que decidam que ao invés de viver o tempo comum de uma existência humana, viverão metade deste tempo, ao fim do qual serão sacrificados, para fins de alimentação desta raça dominante.

Saindo deste cenário imaginário, rumo à nossa realidade, não estaria a humanidade abreviando as vidas de seres cujos espíritos estão na estrada da vida buscando exatamente o mesmo que nós? Ou seja, paz e amor, numa plenitude de sentimentos elevados?

Um dia, que pode não estar tão longe, como assevera Kardec em “A Gênese”, ficaremos inconformados e horrorizados com o sangue derramado em nome de nossas necessidades mais discutíveis, ao preço de bilhões de vidas animais abreviadas:

“[…] à medida que o senso moral prepondera, desenvolve-se a sensibilidade, diminui a necessidade de destruir, acaba mesmo por desaparecer, por se tornar odiosa essa necessidade. O homem ganha horror ao sangue.” [3]

Você sabe qual o tempo de vida nos animais na indústria, em comparação com o tempo natural? As vacas viveriam cerca de 20 anos na natureza. Porém, o ser humano sacrifica sua vida aos 5 anos. Os porcos perdem suas vidas aos 6 meses, quando poderiam viver por 15 anos. Exemplos como estes são inúmeros.

Para todos nós, espíritas ou não, resta uma pergunta que diz respeito de forma direta ao bem-estar de nossos corações e consciências:

A paz e a leveza de nossas almas residirão na satisfação do estômago, às custas de vidas destruídas de forma antecipada em relação ao seu ciclo natural?

Referências:

[1] XAVIER, C. “Paciência”, pelo espírito Emmanuel, capítulo “Indicações da Paz”.

[2] SCHUTEL, C. “Gênese da Alma”. Capít. XVIII “São chegados os tempos”. Item 1.

[3] KARDEC, A. “A Gênese”. Capítulo III, Item 21.

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