Card #53: “No caminho, praticando o bem que adores, busca ver em todos os animais, os nossos irmãos menores”
Qual o bem que a humanidade tem praticado ao próximo do reino animal, ao longo de seu caminho multimilenário, desde quando se tornou “sapiens”?
O que exatamente seria o “bem” que adoramos?
Seria algo edificante e proveitoso para todos que nos acompanham na marcha da vida?
Ou seria um bem apenas e tão somente para nós mesmos, ao preço altíssimo da dor, sofrimento e morte de bilhões de animais, anualmente?
Em tempos de “pé no acelerador” da transição planetária nos caminhos da Terra, monstruosidades existenciais como escravidão, consumismo, sexismo, racismo e especismo, este último, nosso foco aqui, prosseguem nas suas ações deletérias, apoiadas por um sistema capitaneado pelo “rei” destes monstros: o individualismo, em sua busca sedenta de lucros e satisfação de caprichos duvidosos, em detrimento da vida.
Joanna de Ângelis, neste caminho, nos aponta a direção contrária, quando afirma que “a individualidade liberta-se do ego e faz-se irmã da Natureza e de todas as criaturas que existem, mantendo um relacionamento vibrante com as energias universais e os seres que habitam outras dimensões vibratórias” [1].
Em nosso caminho, ainda não percebemos integralmente os animais como irmãos menores, dignos de todo nosso amor e atenção. A exploração especistas é chaga aberta no planeta.
A conta é caríssima. André Luiz descreve o teor da poluição espiritual gerada nos matadouros, que tanto afeta nossa psicosfera, dizendo que “pelas vibrações ambientes, reconheci que o lugar era dos mais desagradáveis que conhecera, até então, em minha nova fase de esforço espiritual. Seguindo Alexandre muito de perto, via numerosos grupos de entidades francamente inferiores que se alojavam aqui e ali. Diante do local em que se processava a matança dos bovinos, percebi um quadro estarrecedor. Grande número de desencarnados, em lastimáveis condições, atirava-se aos borbotões de sangue vivo, como se procurassem beber o líquido em sede devoradora…” [2]
Quando tivermos os animais realmente como nossos irmãos menores, estas casas da morte poderão ser transformadas em santuários de saúde e acolhimento aos animais doentes, nimbados de luzes sublimes vindas de Mais Alto.
A conta de nosso individualismo egoísta é salgada para o próprio ser humano, que, como nos dias atuais, sofre com pandemias cuja origem é a exploração desatinada da fauna e do meio ambiente. O espírito Jair Presente, pelas mãos de Chico Xavier, de forma singela e poética, vai direto ao ponto:
“De agressão a tantas vidas,
Vão surgindo em toda parte
Moléstias desconhecidas”. [3]
Se adorássemos de fato, praticar o bem aos irmãos animais, vivenciaríamos o ensino do Cristo, quando disse que “não se deve matar em circunstância alguma, e que se faz indispensável à vigilância sobre os nossos impulsos de oprimir os seres inferiores da Natureza, porque, um dia, responderemos à Justiça do Criador Supremo pelas vidas que consumimos” [4]
André Luiz resume numa frase, a diretriz que deveria nortear todas nossas ações, inclusive para com nossos irmãos menores: “Não vivemos em paz sem construir a paz dos outros.” [5].
A seletividade na aplicação de ensino tão sublime, não se alinha aos princípios espíritas.
A viagem da vida nunca será leve e pacífica para o ser humano, enquanto existir o comércio diário da dor, do extermínio e da exploração daqueles que, sim, são nossos irmãos menores nesta viagem, e que esperam de nós o respeito à máxima que Pastorino traz: “Faça com essas criaturas de Deus, que dependem de você, o mesmo que você gosta de receber dos Anjos do Bem.” [6].
O movimento espírita, possuidor de tamanho tesouro doutrinário, tem papel crucial na disseminação e vivência destes conhecimentos tão elevados. Acesse o “Nosso Convite”, em nosso site, e conheça as ações que gentilmente propomos.
Que sejamos protagonistas de uma viagem pacífica para todos os seres, inclusive os não-humanos, como ensinou o espírito Casimiro Cunha: “No caminho, praticando o bem que adores, busca ver em todos os animais, os nossos irmãos menores” [7].
Referências:
[1] FRANCO, D. P.; JOANNA DE ÂNGELIS (Espírito). Encontro com a Paz e a Saúde. 5 ed. Salvador: LEAL, 2016. 232 p. Capítulo 9 “A conquista da consciência”, item “Consciência plena”, pp. 186.
[2] XAVIER, F. C.; ANDRÉ LUIZ (Espírito). Missionários da Luz. 45 ed. 3 imp. Brasília: FEB, 2015. 382 p. Capítulo 11 “Intercessão”, pp. 143-145.
[3] XAVIER, Chico. Jair Presente (espírito). Palco Iluminado. Mensagem: “Alimentos e animais”.
[4] XAVIER, F. C.; IRMÃO X (Espírito). Pontos e Contos. 13 ed. 2 imp. Brasília: FEB, 2016. 270 p. Capítulo 33 “A dissertação inacabada”, pp. 166.
[5] XAVIER, F. C.; Espíritos diversos. Ideal espírita. Capítulo “Ouvindo a Natureza” (Espírito André Luiz).
[6] PASTORINO, C. T. Minutos de Sabedoria. 39 ed. Editora Vozes Ltda: Petrópolis, 2000. 288 p, pp. 36.
[7] XAVIER, F. C.; CASIMIRO CUNHA (Espírito). Cartilha da Natureza: A Criação. Rio de Janeiro: FEB, 2008. 96 p. Capítulo “Os animais”, pp. 25.
Não temos sido superiores nem maiores aos animais considerados inferiores e menores a nao ser em presunção, egolatria e prepotência que nos faz acreditar que somos os senhores de outras espécies, por isso as exploramos, torturamos e matamos, mas na verdade somos inferiores a elas que se acham muito mais perto de Deus do que nós.