Artigo #19: Veganismo sob a ótica do tríplice aspecto do Espiritismo
Por Rogério Valois, membro do MOVE.
É um fato histórico que o século XIX fora marcado pela consolidação de uma nova sensibilidade da humanidade em relação aos animais e à Natureza em contexto europeu, tendo como marco a criação de várias instituições internacionais de proteção animal, incluindo campanhas antivivisseccionistas, apelos ao vegetarianismo e elaboração de leis em combate aos mais diversos tipos de maus-tratos, assim como muitas obras publicadas defendendo explicitamente que os humanos têm deveres morais relevantes para com os animais. Nesse contexto se encontram as raízes do veganismo, com a formação de várias entidades que se globalizaram no ocidente.
É justamente no século XIX que o Espiritismo teve suas raízes. Allan Kardec com sua maestria e elevação moral, assessorado por uma plêiade de espíritos superiores, codificou a Doutrina Espírita e legou ao mundo um verdadeiro tratado de ciência, filosofia e religião que direciona e eleva os interesses das criaturas a Deus ao amor universal, não deixando de fora também o amor aos animais e à Natureza, como temos demonstrado exaustivamente aqui no MOVE.
Portanto, tanto o Veganismo quanto o Espiritismo desabrocharam naquela época, demarcada pela crescente onda de proteção dos direitos humanos, animais, das plantas, da paisagem, de toda a Natureza na era moderna. Na agenda de Jesus, Governador Planetário, havia um propósito superior para aquele momento.
Nesse passo, vos convido a conhecer neste artigo as correlações existentes entre Veganismo e Espiritismo, dois movimentos que visam o mesmo fim: o amor por toda a Natureza e o reconhecimento de que cada criatura humana ou não-humana detém valor intrínseco, próprio, não podendo ser precificada por outrem.
Veganismo: O que é?
O vegetarianismo estrito já era praticado por muitos indivíduos, mas foi no ano de 1944 que recebeu um nome, veganism, através do vegetariano Donald Watson, em contexto inglês. Watson distribuiu um periódico que tratava indiretamente da criação de uma nova sociedade vegetariana, a Vegan Society, a qual nasceu da discussão entre membros da Sociedade Vegetariana da Grã-Bretanha e se tornou, então, a primeira instituição vegana do mundo, com a seguinte definição de veganismo:
“Veganismo é um modo de viver que busca excluir, na medida do possível e praticável, todas as formas de exploração e crueldade contra animais para alimentação, vestuário e qualquer outro propósito.”
Tal definição, elaborada em contexto europeu, recebeu críticas construtivas no Brasil e vem sendo ampliada, no sentido de que é preciso superar a ideia de mudança meramente individual e politizar o veganismo como luta por justiça social, para que seja acessível economicamente e popular à realidade brasileira.
O veganismo, portanto, tem como objetivo geral contribuir para a abolição de toda e qualquer tradição de exploração animal e inferiorização dos animais não humanos em relação aos animais humanos. Tem como base um princípio ético: reconhecer que os animais não humanos são merecedores do nosso respeito e de direitos fundamentais, tais como o direito à vida, à liberdade, à integridade física e psicológica, à socialização e a não serem propriedade dos humanos. O veganismo também se alicerça num objetivo político: combater e erradicar o especismoo, o preconceito e tradição que considera os animais não humanos como moralmente inferiores aos humanos e suas implicações práticas (exploração animal, violência contra os animais, tratamento de animais como propriedade e mercadoria etc.). [1]
Espiritismo: O que é?
Define, Allan Kardec, em O Livro dos Esíritos, que “o espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível”. [2] Ele é fundamentado em um aspecto tríplice, pois tem como base de estudo princípios filosóficos, científicos e religiosos. “O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, consiste nas relações que se podem estabelecer entre nós e os Espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que decorrem de tais relações.” [3]
Estabelecendo de forma concisa, temos o aspecto científico como método de desenvolvimento da Doutrina, estabelecendo hipóteses e relacionando-as com dados empíricos para a comprovação da imortalidade do espírito, o intercâmbio mediúnico e suas consequências. O aspecto filosófico analisa o relacionamento entre Deus e o Homem, buscando estabelecer, de forma racional, um sentido para a sua origem e sua destinação, refletindo sobre as causas da felicidade e infelicidade humanas. O aspecto religioso, não confundindo com as religiões ordinárias, trata da moral do ser humano e quais as consequências do seu comportamento com base no uso do livre arbítrio, regido pela lei de causa e efeito.
Conexões entre Espiritismo e Veganismo
Para estabelecer as conexões existentes entre o veganismo e o espiritismo de forma eficaz, prosseguiremos com a exploração do tríplice aspecto da Doutrina.
Aspecto Científico: O que a ciência tem a dizer sobre alimentação vegetariana e a inteligência dos animais?
No ano de 2012, a universidade de Cambridge publicou a Declaração de Cambridge Sobre a Consciência Animal, da qual destacamos:
“A ausência de um neocórtex não parece impedir que um organismo experimente estados afetivos. Evidências convergentes indicam que os animais não humanos têm os substratos neuroanatômicos, neuroquímicos e neurofisiológicos de estados de consciência juntamente como a capacidade de exibir comportamentos intencionais. Consequentemente, o peso das evidências indica que os humanos não são os únicos a possuir os substratos neurológicos que geram a consciência. Animais não humanos, incluindo todos os mamíferos e as aves, e muitas outras criaturas, incluindo polvos, também possuem esses substratos neurológicos”. [4]
O mínimo que podemos levar como conclusão deste estudo é que os animais não humanos são seres sencientes, ou seja, eles têm a capacidade de sentir sensações e sentimentos de forma consciente, percebendo o que lhes acontece e o que lhes rodeia.
Esta constatação científica não é novidade para o Espiritismo, que, desde a Codificação, discorreu sobre a sensibilidade dos animais, passando pela obra Evolução Anímica de Gabriel Dellane em 1895, pela obra a Alma dos Animais de Cairbar Schutel em 1910, e a partir da década de 30 nas centenas de obras psicografadas por Chico Xavier, dentre outras que compõem as obras subsidiárias espíritas. Vejamos algumas citações:
Emmanuel:
“Nos irracionais desenvolvem-se igualmente as faculdades intelectuais. O sentimento de curiosidade é, na maioria deles, altamente avançado, e muitas espécies nos demonstram as suas elevadas qualidades, exemplificando o amor conjugal, o sentimento da paternidade, o amparo ao próximo, as faculdades de imitação, o gosto da beleza. Para verificar a existência desses fenômenos, basta que se possua um sentimento acurado de observação e de análise. Os animais têm a sua linguagem, os seus afetos, a sua inteligência rudimentar, com atributos inumeráveis. São eles os irmãos mais próximos do homem, merecendo, por isso, a sua proteção e amparo”. [5]
Gabriel Delanne:
“Ora, como os animais possuem, não apenas a inteligência, mas, também, o instinto e a sensibilidade; e considerando o axioma que diz que todo efeito inteligente tem uma causa inteligente; assim como a grandeza do efeito é diretamente proporcional à potência da causa, temos o direito de concluir, que a alma animal é da mesma natureza que a humana, apenas diferenciada no desenvolvimento gradativo”. [6]
Cairbar Schutel:
“Lembrai-vos que os animais são seres vivos, que sentem, que se cansam, que têm força limitada, e finalmente, que pensam, e que, em limitada linguagem, acusam a sua impotência, a sua fadiga irreparável aos golpes do relho e das bastonadas com que os oprimis! Sede benevolentes, porque também em comparação aos Espíritos Divinos, de quem implorais luz e benevolência, sois asnos sujeitos à ação reflexa do bem e do mal!” [7]
Para a ciência, já há conhecimento irrefutável de que a maioria das mortes por doença, hoje em dia, estão relacionadas à maneira como nos alimentamos. Atualmente, nós vivemos mais do que no passado, no entanto isso não garante que tenhamos necessariamente mais saúde. Em 1990, as principais causas de mortes no mundo eram a pneumonia, tuberculose e diarreia. [8] Hoje são as doenças do coração, câncer e doenças crônicas do pulmão. [9] Será que essas mudanças ocorreram simplesmente porque os antibióticos nos ajudaram a vencer essas doenças? Não é bem assim. O aparecimento das epidemias relacionadas a essas doenças crônicas foi acompanhado por uma mudança dramática em nossa alimentação. Tomamos a China como exemplo, que transitou de uma dieta tradicionalmente baseada em vegetais para uma dieta típica ocidental (rica em derivados de animal e alimentos processados) e viu seus índices de morte por doenças crônicas, como diabetes, obesidade, doenças cardiovasculares e câncer, aumentarem. [10]
Na obra Conduta Espírita, o espírito André Luiz já havia alertado sobre os cuidados com o corpo físico, o qual, em sua concepção, é “o primeiro empréstimo recebido pelo Espírito trazido à carne”[11], e como a alimentação inconsciente provoca suicídios indiretos:
“Grande número de criaturas humanas deixa prematuramente o plano terrestre pelos erros do estômago” [11]
Importante ressaltar a experiência e legitimidade de André Luiz para fazer tais afirmações, uma vez que ele próprio desencarnou como suicida (indireto), devido à irresponsabilidade com o corpo físico. Na obra Nosso Lar, André Luiz recebe com assombro a notícia do médico espiritual, quando lhe foi dito: “– É de lamentar que tenha vindo pelo suicídio” [12]. Naquela época, não sabia o benfeitor que os “erros do estômago” também causariam desencarnes prematuros e dificultariam a readaptação ao plano espiritual. Após o médico espiritual narrar os efeitos do câncer que o levaram ao óbito, frisou: “Todo o aparelho gástrico foi destruído à custa de excessos de alimentação e bebidas alcoólicas, aparentemente sem importância. […] Como vê, o suicídio é incontestável.” [12]
Portanto, aliando o conhecimento espírita à ciência moderna, como acima demonstrado, se faz necessária a realização da transição alimentar para uma dieta vegetariana estrita, tanto para a prevenção de doenças como para a obtenção de uma melhor fonte nutricional, como veremos a seguir.
Em dezembro de 2016, foi publicada pela instituição de maior reconhecimento no campo da nutrição – Academy of Nutrition and Dietetics (Associação Dietética Americana) – o posicionamento abaixo sobre dietas à base de vegetais. Além disso, vale frisar que outras dezenas de respeitadas organizações de saúde e nutrição ao redor do mundo já se posicionaram no mesmo sentido, como o Serviço Nacional de Saúde Britânico, a Associação de Nutricionistas da Austrália, a Fundação Heart and Stroke (Coração e Derrame) do Canadá, a Faculdade de Medicina de Harvard, entre outras.
“É a posição da Academia de Nutrição e Dietética que uma dieta vegetariana, incluindo vegana, apropriadamente planejada, é saudável, nutricionalmente adequada e pode prover benefícios a saúde na prevenção e tratamento de certas doenças. Estas dietas são apropriadas para todos os estágios do ciclo da vida, incluindo gravidez, lactação, infância, adolescência, senilidade e para atletas. Dietas baseadas em vegetais são mais sustentáveis ao meio ambiente do que dietas ricas em produtos animais porque usam menos recursos naturais e são associadas a um dano ambiental muito menor” [13].
Este mesmo estudo conclui que vegetarianos e veganos estão sob risco reduzido de certas condições de saúde, incluindo doença isquêmica do coração, diabetes tipo 2, hipertensão, determinados tipos de câncer e obesidade. O baixo consumo de gordura saturada e o alto consumo de vegetais, frutas, grãos integrais, legumes, derivados de soja, nozes e sementes (todos esses ricos em fibras e fitoquímicos) são características de dietas vegetarianas e veganas que produzem níveis mais baixos de colesterol total e colesterol LDL e melhor controle de glicose sérica. Tais fatores contribuem para redução de doenças crônicas.
De igual maneira, só que muitas décadas antes destas publicações científicas, o vegetarianismo foi recomendado por renomados benfeitores espirituais. Espíritos como Emmanuel, Humberto de Campos, André Luiz e seus abnegados instrutores não mediram palavras. Vejamos:
Irmão X:
“Preliminarmente, admito deva referir-me aos nossos antigos maus hábitos. A cristalização deles, aqui, é uma praga tiranizante. Comece a renovação de seus costumes pelo prato de cada dia. Diminua gradativamente a volúpia de comer a carne dos animais. O cemitério na barriga é um tormento, depois da grande transição. O lombo do porco ou o bife de vitela, temperados com sal e pimenta, não nos situam muito longe dos nossos antepassados, os tamoios e os caiapós, que se devoravam uns aos outros” [14]
Emmanuel:
“A ingestão das vísceras dos animais é um erro de enormes consequências, do qual derivam numerosos vícios da nutrição humana. É de lastimar semelhante situação, mesmo porque, se o estado de materialidade da criatura exige a cooperação de determinadas vitaminas, esses valores nutritivos podem ser encontrados nos produtos de origem vegetal, sem a necessidade absoluta dos matadouros e frigoríficos” [15].
Alexandre, espírito de elevada grandeza, enfatiza que o consumo de animais para obtenção da proteína é um mero pretexto, uma desculpa:
“A PRETEXTO de buscar recursos proteicos, exterminávamos frangos e carneiros, leitões e cabritos incontáveis. Sugávamos os tecidos musculares, roíamos os ossos. Não contentes em matar os pobres seres que nos pediam roteiros de progresso e valores educativos, para melhor atenderem a Obra do Pai, dilatávamos os requintes da exploração milenária e infligíamos a muitos deles determinadas moléstias para que nos servissem ao paladar, com a máxima eficiência. (…) Encarecíamos, com toda a responsabilidade da Ciência, a necessidade de proteínas e gorduras diversas, mas esquecíamos de que a nossa inteligência, tão fértil na descoberta de comodidade e conforto, teria recursos de encontrar novos elementos e meios de incentivar os suprimentos proteicos ao organismo, sem recorrer às indústrias da morte.” [16].
Desse modo, precisamos sinceramente questionar a nós mesmos, munidos de tais embasamentos racionais e lógicos, espíritas e científicos, se realmente precisamos consumir animais, seres sencientes, com todo custo ambiental, social e espiritual que estes hábitos carregam, sendo que temos no reino vegetal todos os nutrientes que necessitamos a nossa subsistência. Este campo da indagação, em busca de respostas racionais, geralmente é relegado à filosofia, como veremos a seguir.
Aspecto Filosófico: Humanidade e animais, filhos de um mesmo Deus, juntos em um amor incondicional.
Diante do posicionamento científico de que não necessitamos de alimentos derivados dos animais para sobrevivermos, que dietas vegetarianas são mais saudáveis e nos protegem contra as doenças que mais somam mortes no mundo, fica a pergunta: Por que ainda nos alimentamos dos animais?
Podemos citar aqui cinco motivos básicos: Sabor, tradição, gosto, cultura e conveniência.
Sim, todos nós fomos criados saboreando a carne dos animais e suas secreções, justamente por estarmos inseridos em um contexto cultural, de tradição ou de conveniência. Aprendemos erroneamente que precisamos desses produtos para nossa subsistência. Se não conseguimos abdicar dos derivados animais por causa do sabor, então passamos a considerar que nossas papilas gustativas são mais importantes do que a vida daquele animal que morreu para nos servir um pedaço de carne. Embora não necessariamente acreditemos na proposição anterior, nós não aprendemos a questionar certas atitudes e nunca tivemos que confrontar o fato de que através de nossas ações estamos colocando nosso paladar acima da vida animal. A busca pelo prazer não valida a moralidade de um ato.
Quando olhamos para nossa cultura e tradição, sim, podemos afirmar que nos alimentamos dos animais por muitos séculos, mas será que a longevidade de uma ação com base na cultura pode justificar sua moralidade, existência e continuidade? Se tomarmos como exemplo a escravidão, o machismo e o consumo de cachorros no festival de Yulin, na China, fica fácil perceber que não podemos moralizar uma ação só por causa de tradições e costumes sociais. Ainda que no passado, por conta da subsistência, houvesse a necessidade de matar animais inocentes para nos alimentarmos, isso não é mais uma realidade para nossa sociedade, como visto anteriormente.
Agora, cientes da problemática da alimentação animal, temos que considerar os direitos dos animais mais importantes que os direitos humanos? Temos que parar de nos importar com a fome, as desigualdades, o racismo, a violência e nos importar apenas com os animais?
Estamos todos coexistindo na Terra. Ao deixarmos de consumir alimentos de origem animal, estaremos contribuindo para enfrentar um dos maiores problemas de direitos humanos da atualidade, a fome. Em 2016, dados da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) mostravam que o mundo já produzia comida suficiente para alimentar todos os humanos. Somos 7,5 bilhões e ainda temos mais de 800 milhões passando fome. Há alimento disponível, mas o estamos destinando primeiramente aos animais não humanos para, então, nos alimentarmos destes. Para piorar o quadro, cerca de 82% das crianças famintas vivem em países que cultivam o alimento para o gado.
Se os humanos deixassem de explorar os animais, teríamos a potencialidade de acabar com a exploração de pessoas que trabalham em matadouros por necessidades. Essa classe de trabalhadores possui alto índice de abuso de álcool e drogas, suicídio, síndrome do estresse pós-traumático, depressão e ansiedade. Poderíamos ver o fim da exploração nos curtumes da Índia, Bangladesh e outros países em desenvolvimento, onde cerca de 90% dos funcionários morrem antes dos 50 anos e cujos filhos nascem com deficiências graves devido ao contato com os químicos venenosos para a produção de couro. Podemos inferir que, ao valorizar a vida dos animais, passamos a ter mais contato com nossa compaixão interior. Afinal, alguém que garanta e respeite a vida da menor das galinhas, certamente tem mais capacidade de se afastar do racismo, homofobia ou qualquer outra forma de subjugação do ser humano. Estaríamos todos, enfim, contribuindo para uma sociedade mais justa e gentil.
Tudo isso contribuiria sobremaneira para despertar nas criaturas humanas potenciais que se encontram latentes, aguardando que assumam o seu sagrado dever de irmão de Natureza. Nesse sentido, disse a benfeitora Joanna de Ângelis:
“Também os seres humanos devem sacrificar-se com amor e compaixão em benefício de todas as outras vidas, assim contribuindo para que tudo expresse a sua realidade coletiva, sem nenhuma perda de individualidade.
(…)
Novamente, o aspecto da compaixão adquire significado, porquanto a busca da Natureza e das suas várias expressões, como fases da evolução da vida, deve ser considerada como essencial, a fim de alcançar o sentimento de humanidade.
Não se pode amar e sentir compaixão apenas dos seres pensantes, sem uma correspondência com os demais que constituem a ordem universal, particularmente no planeta-mãe, que é a Terra.” [17]
Por fim, vale frisar também que no início da década de 1970 a filosofia desenvolveu o conceito de especismo, que é a base dos movimentos modernos pelos direitos animais. Em resumo, o especismo é a discriminação praticada pela espécie humana contra as outras espécies não-humanas, semelhante ao racismo, sexismo e outros modos de inferiorização de outrem.
Esse conceito surgiu quando um grupo de filósofos da Universidade de Oxford começou a questionar por que o status moral dos animais não-humanos era necessariamente inferior ao dos seres humanos. O grupo incluía o psicólogo Richard D. Ryder, que cunhou o termo “especismo”. Foi a partir de um texto seu, que o citado Peter Singer resolveu, em 1975, lançar Libertação Animal, um famoso livro que impulsiona o movimento dos direitos animais.
Portanto, se o Espiritismo desde o seu nascedouro pede uma Ética Animal Espírita, como temos apresentado aqui no MOVE, com base no conjunto literário fundamental espírita, a filosofia também questiona a discriminação feita aos animais e pleiteia uma consideração moral a eles, para que a criatura humana passe a atribuir o mesmo peso aos interesses dos animais, independente do critério de espécie.
Aspecto Religioso: o amor a Deus e ao próximo
Neste último aspecto, verificaremos primeiramente o entendimento de Kardec diante do maior mandamento do Evangelho:
“(…) não se pode verdadeiramente amar a Deus sem amar o próximo, nem amar o próximo sem amar a Deus. Logo, tudo o que se faça contra o próximo o mesmo é que fazê-lo contra Deus. Não podendo amar a Deus sem praticar a caridade para com o próximo, todos os deveres do homem se resumem nesta máxima: FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO.” [18].
Como o espírita deve entender QUEM É SEU PRÓXIMO NESSE CONTEXTO? Seriam apenas os irmãos de sua espécie ou ele deverá aprofundar essa visão, entender-se como espírito milenar em jornada pelo universo e abrigar em seu coração todos os seres que se encontram em ascensão para a perfeição? Seria justo subjugar nossos irmãos em escalas evolutivas inferiores, entendendo que eles estão ao nosso lado apenas para cumprir nossas vontades?
Léon Denis responde:
“Nessa laboriosa e penosa evolução que arrasta os seres, há um fator consolador sobre o qual é sempre bom insistir: é que em todos os graus de sua ascensão, a alma é atraída, auxiliada e socorrida pelas Entidades Superiores. Todos os espíritos em marcha são ajudados pelos seus irmãos mais adiantados e devem auxiliar, por sua vez, aqueles que estão colocados abaixo deles.
(…)
Nas almas evoluídas, o sentimento da solidariedade torna-se bastante intenso para se transformar em comunhão perpétua com todos os seres e com Deus.
A alma pura comunga com a natureza inteira; inebria-se nos esplendores da Criação infinita. Tudo: os astros do céu, as flores do prado, a canção do regato, a variedade das paisagens terrestres, os horizontes fugitivos do mar, a serenidade dos espaços, tudo lhe fala uma linguagem harmoniosa. Em todas as coisas visíveis, a alma atenta descobre a manifestação do pensamento invisível que cobre o cosmos. Este reveste para ela um aspecto encantador. Torna-se o teatro da vida e da comunhão universais, comunhão dos seres uns com os outros e de todos os seres com Deus, seu Pai.” [19]
Na pergunta 873 de O Livro dos Espíritos, Kardec indaga se o sentimento de justiça encontra-se na natureza, ao que ele obtém como resposta: “Está de tal modo em a natureza, que vos revoltais com à simples ideia de uma injustiça”. [20] Na resposta à pergunta 875, os espíritos definem a justiça como sendo o respeito aos direitos dos demais. [21] Qual criatura não tem o direito de manter sua própria vida dada por Deus? O instinto de conservação encontra-se em todos os seres em evolução. Como senscientes, os animais cuidam de suas vidas, evitam sofrimento e não desejam morrer com a finalidade de tornarem-se objetos da exploração humana. Se ainda nos conservamos indiferentes com o animais que sofrem nos abatedouros, nos laboratórios, em confinamento ou em qualquer outro campo de exploração, André Luiz nos convida a seguir o caminho da compaixão e responsabilidade:
“Esquivar-se de qualquer tirania sobre a vida animal, não agindo com exigências descabidas para a satisfação de caprichos alimentares nem com requintes condenáveis em pesquisas laboratoriais, restringindo-se tão somente às necessidades naturais da vida e aos impositivos justos do bem.” [22]
Igualmente, enfatiza Emmanuel:
“Recebei como obrigação sagrada o dever de amparar os animais na escala progressiva de suas posições variadas no planeta. Estendei até eles a vossa concepção de solidariedade, e o vosso coração compreenderá, mais profundamente, os grandes segredos da evolução, entendendo os maravilhosos e doces mistérios da vida.” [23]
Apoiados pelo tríplice aspecto da Doutrina Espírita, o fim deste estudo nos conduz à crença de que o Veganismo e Espiritismo têm raízes profundas em um movimento de amor pela criação, o que não poderia ser diferente, já que ambos prezam pela ética e justiça como conduta básica. Contra o orgulho que entorpece nossos sentimentos e fecha nossos olhos ao sofrimento alheio, Kardec instrui:
“O orgulho levou o homem a dizer que todos os animais foram criados por sua causa e para satisfação de suas necessidades. […] Deus, decerto, não as criou por simples capricho da sua vontade, para dar a si mesmo, em seguida, o prazer de as aniquilar, pois que todas tinham vida, instintos, sensação de dor e de bem-estar. Com que fim ele o fez? Com um fim que há de ter sido soberanamente sábio…”
Amigos, a Doutrina Espírita nos apoia na construção de um comportamento harmonioso e responsável com a Natureza. O próprio MOVE já constituiu um catálogo com mais de 180 referências em mais de 100 obras clássicas para que possamos desenvolver, com o auxílio da espiritualidade, a melhor forma de agir contra toda forma de mau trato aos animais. Que nós possamos escutar os gritos de agonia e socorro que se fazem presentes em todos os cantos do mundo. Que a caridade possa ser a força, seja para com os animais humanos ou não, a mansidão e o carinho com que abracemos todos os nossos irmãos. Que possamos, enfim, nos revestir de amor, a fim de romper com os costumes de outrora e, assim, estender a caridade de forma integral. Para findar, segue um belíssimo ensinamento de Joanna de Ângelis, do livro Vida Feliz:
“A máxima lição da vida é o amor.
Sem ele os objetivos a alcançar perdem a finalidade, deixando a criatura à mercê das suas paixões inferiores.
O amor dilui as sombras dos sentimentos negativos, imprimindo o selo da mansidão em todos os atos.
Ama, portanto, tudo e todos.
Exercita-te no amor à Natureza, que esplende em Sol, ar, água, árvore, flores, frutos, animais e homens.
Deixa-te enternecer pelos convites silenciosos que o Pai Criador te faz e espraia as tuas emoções por sobre todas as coisas, dulcificando-te interiormente.
Quanto mais ames, menos serás atingido pelas farpas do mal, pois que a tua compreensão dilatada abrirá os espaços à vida, colhendo somente os efeitos da paz.” [25]
Referências
[1] Consultado na WWW:
Vegana Gente, O que é veganismo? Saiba a resposta a 13 dúvidas essenciais, 2019.
Disponível em: http://veganagente.com.br/o-que-e-veganismo/
[2] KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. Tradução e Evandro Noleto Bezerra. 4 ed. ISBN ePUN 978-85-7328-889-6. Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita.
[3] KARDEC, A. O Que é o Espiritismo. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 1. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Preâmbulo.
[4] Consultado na WWW: Declaração de Cambridge sobre a Consciência Animal.Disponível em: http://www.labea.ufpr.br/portal/wp-content/uploads/2014/05/Declara%C3%A7%C3%A3o-de-Cambridge-sobre-Consci%C3%AAncia-Animal.pdf
[5] XAVIER, F. C.; EMMANUEL (Espírito). Emmanuel. 28 ed. 5 imp. Brasília: FEB, 2016. 208 p. Capítulo 17 “Sobre os animais”, pp. 109-113.
[6] DELANNE, G. A evolução anímica. 1 ed. Limeira: EDITORA DO CONHECIMENTO, 2008. 239 p. Capítulo 1 “A vida”, item “A força vital”, pp. 30.
[7] SCHUTEL, C. Gênese da alma. 7 ed. Matão: O CLARIM, 2011. 136 p. Capítulo “Apelo em favor dos animais”, pp. 111-113.
[8] US Centers for Disease and Prevention. Leading causes of Death, 1990-1998. http://www.cdc.gov/nchs/data/dvs/lead-1900_98.pdf. Acessado em 29 de abril de 2015.
[9] Kochanek KD, Murphy SL, Xu J, Arias E. Mortality in the United States, 2013. NCHS Data Brief 2014; 178
[10] Zhai F, Wang H, Du S, et al. Prospective study on nutrition transition in China. Nutr Rev. 2009; 67 Suppl:S56-61.
[11] VIEIRA, W. ANDRÉ LUIZ (Espírito). Conduta espírita. 32 ed. 7 imp. Brasília: FEB, 2017. 118 p. Capítulo 34 “Perante o corpo”, pp. 91-92.
[12] XAVIER, F. C.; ANDRÉ LUIZ (Espírito). Nosso Lar. 64 ed. 5 imp. Brasília: FEB, 2015. 319 p. Capítulo 4 “O médico espiritual”, p. 33.
[13] Consultado na WWW: Position of the Academy of Nutrition and Dietetics: Vegetarian Diets. Disponível em: https://www.eatrightpro.org/~/media/eatrightpro%20files/practice/position%20and%20practice%20papers/position%20papers/vegetarian-diet.ashx
[14] XAVIER, F. C.; IRMÃO X (Espírito). Cartas e Crônicas. 14 ed. 3 imp. Brasília: FEB, 2015. 167 p. Capítulo 4 “Treino para a morte”, pp. 18.
[15] XAVIER, F. C.; EMMANUEL (Espírito). O Consolador. 29 ed. 5 imp. Brasília: FEB, 2017. 305 p. Capítulo 2 “Filosofia”, item 2.1. “Vida”, subitem 2.1.1. “Aprendizado”, questão 129, pp. 90-91.
[16] XAVIER, F. C.; ANDRÉ LUIZ (Espírito). Missionários da Luz. 45 ed. 3 imp. Brasília: FEB, 2015. 382 p. Capítulo 4 “Vampirismo”, pp. 42-46, pelo benfeitor Alexandre.
[17] FRANCO, D. P.; JOANNA DE ÂNGELIS (Espírito). Encontro com a Paz e a Saúde. 5 ed. Salvador: LEAL, 2016. 232 p. Capítulo 10 “Em busca da iluminação interior”, item “Processo de autoiluminação”, pp. 198-201.
[18] KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 131ª ed., 1ª impressão, 2013. Cap. XV – Fora da caridade não há salvação, p.210.
[19] DENIS, L. O grande enigma. 16 ed. 1 imp. Brasília: FEB, 2014. 183 p. 1ª parte, cap. 3 “Solidariedade: comunhão universal”, pp. 32-34.
[20] KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. Cap. XI “Da Lei de Justiça, Amor e Caridade”, item I “Justiça e Direitos Naturais”, questão 873.
[21] KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. Cap. XI “Da Lei de Justiça, Amor e Caridade”, item I “Justiça e Direitos Naturais”, questão 875.
[22] VIEIRA, W. ANDRÉ LUIZ (Espírito). Conduta espírita. 32 ed. 7 imp. Brasília: FEB, 2017. 118 p. Capítulo 33 “Perante os animais”, pp. 89-90.
[23] XAVIER, F. C.; EMMANUEL (Espírito). Emmanuel. 28 ed. 5 imp. Brasília: FEB, 2016. 208 p. Capítulo 17 “Sobre os animais”, pp. 109-113.
[24] KARDEC, A. A Gênese. 3 ed. Catanduva: INSTITUTO BENEFICENTE BOA NOVA, 2007. 347 p. Capítulo 7 “Esboço geológico da Terra”, item 32, pp. 127-128.
[25] FRANCO, D. P.; JOANNA DE ÂNGELIS (Espírito). Vida feliz. 1 ed. Especial. Salvador: LEAL, 2017. 224 p. Capítulo 181, pp. 197.
Como já diz missionários da luz, a evolução dos seres humanos foi feita a base de carne desde os primórdios, dessa forma nosso corpo se tornou dependente de nutrientes animais. Com efeito, há necessidade absoluta do consumo de aminoácidos Leucina, Isoleucina e Valina de origem animal para produção de de energia, manutenção de hormônios, tecidos e músculos. Estes só são encontrados em proteínas de fontes animais, em lugar nenhum mais. Seria negligência a saúde do nosso veículo de carne não consumir tais alimentos pois o não consumo moderado de tais aminoácidos geralmente diminuiria nossa forças vitais precipitadamente. A não ser que se use suplementos manipulados com quantidades exatas de tais nutrientes poderíamos de forma saudável viver no veganismo absoluto. Porém a manipulação desses nutrientes de qualquer forma viriam da carne animal por matéria prima. Dessa forma essa transição para o veganismo de forma saudável só poderá se estabelecer com a redução da carne aos poucos em tempo de várias reencarnações, não pode ser de uma hora para outra e nem por uma vida inteira na crosta. sou a favor, assim pela moderação.
Então vamos lá, colega Yoran. Sou vegetariana há 40 anos e vegana há 6 com saúde, disposição, paz de espírito e alma leve, livre da energia deletéria do desespero que animais deixam na carne, quando matam eles. Isso invalida sua afirmativa de que
“há necessidade absoluta do consumo de aminoácidos Leucina, Isoleucina e Valina de origem animal para produção de energia, manutenção de hormônios, tecidos e músculos.” . Não há não. Sou a prova viva de que o veganismo só faz bem e, felizmente, o mundo está galopando na direção do Veganismo. Procure se informar, no Google mesmo, você vai pensar duas vezes antes de opinar sobre dieta vegana, infelizmente, segundo seu comentário, sem nenhum respaldo, desculpe. Veganos precisam apenas completar a Vit. B 12, tudo o mais existe na fartura excepcional da Natureza, nem precisava tanta variedade de cores, sabores, nutrientes, odores e vitaminas que a terra fornece, sem o sangue sagrado dos nossos irmãos animais. Não fosse pela compaixão aos animais que sofrem o inferno dos matadouros, veganos o seriam pelo fato de que consumir pedaços de cadáveres nos deveria causar vômitos e não, fome. Nada justifica o cardápio de nossos ancestrais bárbaros e primitivos que mastigavam tripas da caça recém abatida, porque não conheciam outras opções. No entanto, em matéria de comida, continuamos os mesmos truculentos que se reuniam ao redor das fogueiras enquanto o bicho, às vezes inteiro, virava o almoço deles. Hoje nos reunimos ao redor das churrasqueiras domésticas enquanto a carne de nossos irmãos animais queima para nos alimentar. Espíritas se enganam quando pensam merecer o Mundo Regenerado, caminhando para ele por cima dos cadáveres de inocentes que deveria amparar, proteger e acolher na condição de companheiros de viagem, não refeição. Animais não nasceram para virar alimento de “majestades” humanas, imerecedoras de tão grande sacrifício por elas. Nenhum animal merece morrer para humanos se locupletarem de suas vísceras, isso não é cristão nem coerente. Se Chico Xavier comia carne ou se o Papa adora um bife, problema deles, cada um responda por si, pelo grau de empatia e compaixão que possui por aqueles que sofrem, sejam humanos ou não. Existem ateus veganos, o que demonstra que não precisaram crer em Deus para descobrir, nos animais, seres inteligentes e vulneráveis, tão necessitados do direito à vida quanto nossos filhos ou nossos pais. Religiosos, principalmente, já deveriam ter desconfiado disso e posto em prática uma conduta mais ética e condizente com a Caridade que pregam mas nem sempre praticam. Animais são amigos, não comida.
Para você, Yoran, se informar melhor sobre Veganismo e às razões que levam pessoas a adotá-lo, sejam espíritas ou não:
http://veganize.com.br/medicos-veganos-norte-americanos-que-voce-precisa-conhecer/
https://www.vista-se.com.br/docs/
https://www.sejavegano.com.br/
https://asseama.org.br/
https://patasaoalto.com.br/saiba-de-onde-vem-a-carne-de-baby-beef-ou-vitela/
https://veganliciousbr.wordpress.com/2016/05/04/porque-veganos-nao-comem-ovo/
https://anda.jusbrasil.com.br/noticias/222918357/tortura-e-infanticidio-por-que-os-veganos-nao-consomem-leite#:~:text=Muitas%20pessoas%20acreditam%20que%20as,as%20f%C3%AAmeas%20humanas%20o%20produzem.
Bom dia, o corpo humano precisa de proteínas e entre muito aminoácidos 9 deles são essenciais (não sintetizados pelo próprio organismo), portanto as proteínas contendo os 9 aminoácidos são chamadas de completas, tais proteínas são encontradas tanso em origem animal como vegetal como por exemplo Quinoa, Tofu, Tempeh, Edamame, Chia e muito outros. Outras plantas não tem os 9 aminoácidos porém podem ser combinados entre si para se atingir o resultado desejado como por exemplo Mantega de amendoim com pão integral tem mais proteína que um pedaço de carne ou ovo.
O consumo excessivo de gordura saturada é um dos grandes responsáveis pela epidemia de câncer, obesidade e doenças do coração que grande parte das sociedades enfrentam.
Em 2015 a Organização Mundial da saúde depois de analisar mais de 30 anos de pesquisas científicas classificou a carne processada como cancerígenas e carne vermelha em geral como provavelmente cancerígenas.
Os avanços da ciência mostram sem respaldo de dúvida os benefícios de uma dieta baseada predomentime e em plantas que em mundos casos é capaz em um curto período de tempo de reverter casos crônicos como diabetes e doenças do coração.
https://www.inca.gov.br/noticias/oms-classifica-carnes-processadas-como-cancerigenas
Mais informações podem ser acessadas aqui (legenda disponível)
https://nutritionfacts.org/topics/world-health-organization/
Muita paz.
Um paradoxo que alguns ateus sejam veganos, mesmo negando a existência de Deus enquanto espiritas continuem nutrindo sua carne com carne, mesmo afirmando a existencia Dele.
Incrível artigo. Toca em todos os pontos essenciais a serem debatidos acerca do veganismo. Desde que o li, tenho usado como referência para explicar a importância do movimento vegano para quem ainda não conhece. Texto muito edificante.
É com alegria que leio o artigo, muito bom quando nos deparamos com algo que nos convida à manutenção de nossa fé raciocinada, haja vista que esta é um convite diário às reflexões, questionamentos e busca incessante pelas mudanças da Nova Era.
O autor, no texto, nos permite crescer junto dele no raciocínio, trazendo-nos obras importantes dentro da literatura espírita para ratificar a importância do assunto.
Ainda que tenhamos dificuldades na mudança de nossos hábitos, é importante que possamos compreender e acolher quem está se prontificando e nos ajudando nesta transformação, com respeito e incentivo dentro das casas espíritas.
Negar o que desconhecemos pode ser um terrível equívoco neste momento de transição, portanto, abracemos esta grande oportunidade com humildade e sabedoria. Gratidão, MOVE!
Li o texto com muito interesse pelo tema e pela seriedade do autor. Percebo que é uma questão importante a ser tratada à luz do Espiritismo, já que Esse se propõe enquanto fé raciocinada. As conexões do autor com diversas faces do tema são oportunas, tanto quanto ao movimento veganista, quanto com algumas reflexões espíritas. Acabo a leitura com a esperança que novos debates surjam, com a esperança da ampliação dos diálogos… Por fim, única contribuição que me vejo com capacidade de oferecer é a de torcer para esses trabalhadores do veganismo terem equilíbrio e sabedoria na condução do ativismo necessário, pois há aspectos muito amplos que dificultam a alimentação mais adequada. Há questões sociológica de difícil resolução, que dependem de setores globais de tomada de decisão. Há nossa ineficiente educação humanista etc. Abraços fraternos.
Desculpe, Mauricio, contradizê-lo em alguns pontos. Sou vegetariana há 40 anos e vegana há 6, e esses “aspectos muito amplos que dificultam a alimentação mais adequada” à que você se refere, nunca os encontrei. Nenhuma dificuldade para sentir compaixão e nem cansaço na hora de me compadecer de TODOS os animais, deveria ser regra geral isso, principalmente entre espíritas cristãos, mas não é. Porque se fosse um parente nosso, um filho bebê ou um pai idoso que estivesse prestes a morrer, a ser torturado, machucado ou agredido, nenhuma hesitação haveria, nenhum questionamento que nos tolhesse o impulso e/ou o instinto de salvá-lo, ainda que com o risco da própria vida, concorda? Somos especistas, porque distinguimos qual espécie merece ser salva (a humana) e qual não (a animal). Somos maus a caminho de bons, mas sem pressa. No entanto, animais não podem esperar, eles sofrem. Entre humanos espíritas, muito mais se aguardaria deles em matéria de piedade e caridade para com os animais, já que tão veementes se posicionam contra o aborto,a pena de morte, a eutanásia, o suicídio e o aborto.Porém, infelizmente, quanta preguiça, quanta indiferença, apatia, marasmo e desinteresse quando se lhes toca no assunto veganismo, esse “calcanhar de Aquiles” deles, super sensível e vulnerável do qual fogem, como o diabo, da cruz. Isso acontece porque estão ocupados em degustar, salivando, seu almoço com os pedaços dos cadáveres dos seres que denominam irmãos, mas não são. No entanto,colega, o Planeta está gritando: A hora é essa, colega! Não dá mais para ficar folheando os livros do Pentateuco, buscando o imaginário aval de interpretações aqui ou acolá, que os desculpe de suas equivocadas atitudes contraditórias na hora de socorrer este ou aquele, seja lá quem seja o ser vivo clamando por socorro. Basta ouvir o coração e partir para ajudar, ainda que chorando pelos animais que morrem após nossa tentativa inútil de salva-los.
É preciso esse esforço extra de suar a camisa e ensopar de lágrimas o rosto, que espíritas se recusam a empreender por indiferença, comodismo, apatia ou insensibilidade mesmo. Inútil esperar merecer habitar esse Mundo Regenerado, carregando no estômago os despojos dos animais que morreram por causa de um simples almoço. Não existem “questões sociológicas de difícil resolução que dependem de setores globais de tomada de decisão”, conforme você diz. Para quem sente a dor do outro, como se sua fosse, nada impede que corra para o auxílio, porque Deus vai junto. E você, Maurício, pode, sim, fazer muito mais do que apenas “torcer para esses trabalhadores do veganismo terem equilíbrio e sabedoria na condução do ativismo necessário”. Você pode ser um deles e fazer a diferença daqueles que não fazem, só torcem.