Card #31: “Justo trabalharmos, dedicadamente, pelo advento dos tempos novos em que os homens terrestres poderão dispensar da alimentação os despojos sangrentos de seus irmãos menores”
Tempos novos. Estamos nos preparando para ampliar o conceito de amor ao próximo?
Kardec destaca em “A Gênese”, a fala do espírito Arago: “São chegados os tempos, dizem-nos de todas as partes, marcados por Deus, em que grandes acontecimentos se vão dar para regeneração da humanidade.” [1]
Regeneração é sinônimo de: reforma, renovação. Então, é possível seguir adiando as reflexões sobre a necessária regeneração de nossas relações com os animais e com a natureza?
É concebível avançarmos no estudo e aplicação da Lei Divina de Justiça, Amor e Caridade, neste mundo novo, sem a reconfiguração de nossos hábitos de consumo, que ainda cobram a vida de bilhões de animais, todos os anos? [2]
Se estamos preparando uma nova casa, deixando-a mais linda e decorada com motivos que remetam à paz e ao amor entre seus moradores, é justo que renovemos nossos hábitos de vida, para que se adaptem melhor a este ambiente mais sublime.
Sendo assim, como diz Emmanuel é “justo trabalharmos, dedicadamente, pelo advento dos tempos novos em que os homens terrestres poderão dispensar da alimentação os despojos sangrentos dos irmãos inferiores.” [3]
Uma nova morada, de amor e paz, não combina com o sangue de nossos irmãos inferiores.
Todos desejamos o socorro e as bênçãos dos Anjos do Bem. Todos! Pastorino indica o caminho, de forma simples e amorosa, afirmando:
“Não maltrate os animais! São também filhos de Deus e irmãos nossos inferiores, que não adquiriram a faculdade do raciocínio abstrato.
Mas são amigos que precisam de nossa ajuda e carinho. Não lhes imponha trabalhos demais. Alimente-os bem. Trate-os em suas enfermidades.
Faça com essas criaturas de Deus, que dependem de você, o mesmo que você gosta de receber dos Anjos do Bem.” [4]
Mas, como mudar rapidamente este cenário de exploração animal, rumo a um mundo de regeneração no qual todas as criaturas conviverão com respeito e amor mútuos?
O despertar das consciências é gradual. O caminho? O exemplo do Cristo, que é todo amor à Natureza e ao próximo, seja ele humano ou animal. O espírito Humberto de Campos oferece uma dica importante: “Comece a renovação de seus costumes pelo prato de cada dia. Diminua gradativamente a volúpia de comer a carne dos animais. O cemitério na barriga é um tormento, depois da grande transição.” [5]
Notadamente, esta transformação não será possível num estalar de dedos. É natural e fraterno, termos isto em conta. Mas isso não significa que devamos cruzar os braços.
Quanto mais cedo semearmos o amor irrestrito a todos os seres da criação, mais rápido colheremos os frutos da harmonia coletiva.
Está em nossas mãos acolher os novos tempos, conscientes de que o amor ao próximo se estende à toda a Criação Divina, irmãos animais, inclusive.
Referências:
[1] KARDEC, A. A Gênese. Capítulo XVIII “São chegados os tempos”. Item 1.
[2] KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. Capítulo XI – Da lei de justiça, de amor e de caridade.
[3] XAVIER, F. C.; EMMANUEL (Espírito). O Consolador. 29 ed. 5 imp. Brasília: FEB, 2017. 305 p. Capítulo 2 “Filosofia”, item 2.1. “Vida”, subitem 2.1.1. “Aprendizado”, questão 129, pp. 90-91.
[4] PASTORINO, C. T. Minutos de Sabedoria. 39 ed. Editora Vozes Ltda: Petrópolis, 2000. 288 p, pp. 36.
[5] XAVIER, F. C.; IRMÃO X (Espírito). Cartas e Crônicas. 14 ed. 3 imp. Brasília: FEB, 2015. 167 p. Capítulo 4 “Treino para a morte”, pp. 18.
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