Card #59 – “Há milênios a Natureza espera a compreensão dos homens”

Quais as consequências da incompreensão humana para com a Natureza?

Do ponto de vista de nossos irmãos menores (os animais), ante o grave aumento de seu extermínio nos últimos séculos, teriam eles esperança em nós? De se libertarem de tamanho sofrimento?

Talvez o irmão urso, na imagem, esteja perguntando: então, quando serão finalmente amorosos conosco? Que fizemos contra vocês para merecer tanta incompreensão e violência?

Toda uma universalidade de espíritos elevados indica-nos, há milênios, o que deve ser devolvido à Natureza e aos animais, sem distinção e sem moderação. Afirmou André Luiz: “Existimos para colaborar no progresso da Criação, edificando o bem para todas as criaturas” [1].

A nossa existência é a todo tempo multiespécie, conectada intrinsecamente a todos os seres, e a “descoberta” de que somos também Natureza e não seres à parte, é uma das mais importantes na atualidade. Disse o espírito Hammed: “Tudo está integrado em tudo: as águas necessitam das plantas e vice versa; os animais, das florestas; e os homens fazem parte desse elo ecológico, não como parte imprescindível, mas como parte integradora” [2].

Tal compreensão da Natureza, e de que somos Natureza, exige constante exercício. Joanna de Ângelis recomenda, com firmeza: “Exercita-te no amor à Natureza, que esplende em Sol, ar, água, árvore, flores, frutos, animais e homens” [3].

Porém, ao urso da imagem, que aqui simboliza todo o reino animal, temos servido o amargo prato do especismo, do egoísmo humano, temperado com os ingredientes da dor e da morte.

Nossos hábitos viciosos têm causado o derretimento das geleiras, extinguindo os ursos polares. Já outras espécies de ursos são aprisionados em fazendas, para retirada cruel de sua bile, que sem comprovação científica prometem cura medicinal. Quando compreenderemos a Natureza e aboliremos estas e outras práticas?

É tempo de mudanças para hábitos que não signifiquem o extermínio doloroso de bilhões de animais! Emmanuel, após enfatizar que “a ingestão das vísceras dos animais é um erro de enormes consequências”, afirma a necessidade, viabilidade e importância da dieta vegetariana pura, quando diz que “esses valores nutritivos podem ser encontrados nos produtos de origem vegetal, sem a necessidade absoluta dos matadouros e frigoríficos.” [4].

Essa compreensão se faz urgente. Cremos que no novo Mundo de Regeneração que se aproxima, não haverá espaço físico e moral para qualquer tipo de abatedouro. Temos condições de dar este salto.

O espírito Irmão “X”, recomendou: “Comece a renovação de seus costumes pelo prato de cada dia. Diminua gradativamente a volúpia de comer a carne dos animais. O cemitério na barriga é um tormento, depois da grande transição” [5].

A vivência dessa recomendação significa compreender a Natureza, libertar nosso amigo urso, assim como inúmeras vacas, bois, bezerros, porcos, aves, peixes, e tantos outros irmãos animais, que sofrem na pele, nos pelos, nas penas, nas escamas, e, sobretudo, no fundo das almas, toda a dor imposta pelos desvarios consumistas do ser humano.

É hora então de começar ou acelerar o passo, como disse Emmanuel: “Faze o possível para que não deixes passar um só dia da tua existência sem prestar algum serviço ou auxílio a esse ou aquele ser vivente de qualquer espécie da Natureza” [6].

Ver Deus na Natureza é compreender o significado substancial da Vida. Amélia Rodrigues, orienta: “Mas amar a relva, o homem, o céu, o animal, o inseto, a vida em todas as manifestações, integrar-se na essência da substância divina, coração aberto ao amor, com pureza em tudo. Verão a Deus!” [7].

Que tal buscarmos a Deus e a sublimidade de sua Criação, através dos olhos dos animais? Assim, avançaremos lado a lado com os animais e a Natureza, como verdadeiros irmãos.

Referências:

[1] XAVIER, F. C.; Diversos Espíritos. Ideal espírita. Capítulo “Ouvindo a Natureza” (Espírito André Luiz).

[2] NETO, F. E. S.; HAMMED (Espírito). Renovando Atitudes. 30 ed. Catanduva, SP: Boa Nova Editora, 2012. Capítulo “Belo Planeta Terra”. pp. 159-161.

[3] FRANCO, D. P.; JOANNA DE ÂNGELIS (Espírito). Vida feliz. 1 ed. Especial. Salvador: LEAL, 2017. 224 p. Capítulo 181, pp. 197.

[4] XAVIER, F. C.; EMMANUEL (Espírito). O Consolador. 29 ed. 5 imp. Brasília: FEB, 2017. 305p. Capítulo 2 “Filosofia”, item 2.1. “Vida”, subitem 2.1.1. “Aprendizado”, questão 129, pp. 90-91.

[5] XAVIER, F. C.; IRMÃO X (espírito). Cartas e crônicas, cap. 4.

[6] XAVIER, F. C. EMMANUEL (Espírito). A semente de mostarda. 4 ed. São Paulo: GEEM.

[7] XAVIER, F. C. AMÉLIA RODRIGUES (Espírito). Primícias do Reino. 12 ed. Salvador: LEAL, 2015. Capítulo 3 “O excelso canto”. pp. 62.

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