Artigo #01: As plantas sentem dor?

[ARTIGO]
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A clássica pergunta: “As plantas sentem dor?” é o objeto deste artigo escrito pelo biólogo e colaborador do MOVE Helder Canto Resende.
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Vamos entender quem são nossos irmãos vegetais, à luz da Doutrina Espírita e da Ciência?! 😀
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Desde a infância ouvimos nossos pais e educadores nos advertirem: “Não maltrata a plantinha que ela chora!”, “Não arranca a florzinha! Não quebra o galho da plantinha que ela vai ficar triste!”.
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E assim, de uma forma pueril, vamos aprendendo desde cedo o respeito que devemos ter à flora. Mas, planta sente dor? Planta fica triste? Planta sofre ao ser comida? São dúvidas que permanecem incomodando alguns que se alimentam exclusivamente do reino vegetal, e muitas vezes argumentos utilizados como resposta crítica à opção vegetariana.
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Não raro ouvimos: “Vocês não comem carne para não fazer sofrer os animais, mas comem as plantas, arrancam e matam os pés de alface! Não têm compaixão das plantas e do sofrimento delas?!?
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E então, como fica? Afinal, planta sente dor?
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Neste artigo, vamos defender o argumento de que não, planta não sente dor! Mas é claro que, se o amigo(a) leitor(a) tiver uma visão diferente da nossa, pedimos a gentileza de nos ajudar a ampliar nossa visão do assunto deixando seus comentários e referenciando seus argumentos.
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Plantas não sentem dor. E, por conseguinte, planta não é submetida ao sofrimento quando cortada, ou arrancada do solo, ou tem seus frutos colhidos. Pelo menos não a dor ou o sofrimento como nós a sentimos ou entendemos como dor e sofrimento. A afirmativa pode ser concluída por diversos caminhos.
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Pela análise da biologia, da anatomia e da fisiologia vegetal, chegamos à conclusão que planta não sente dor pelo simples fato de não ter sistema nervoso. Para entender isso precisamos compreender como se processa a dor, ou, em outras palavras, como a dor é sentida.
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Woolf [1] classifica a dor em (a) Dor nociceptiva; (b) Dor inflamatória; e (c) Dor patológica. A dor mais comum é a dor nociceptiva, sendo as outras resultantes de processos patológicos.
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A dor nociceptiva é causada por alguma estimulação (calor, frio, esmagamento, rasgo, corte, etc) que é percebida pelas fibras nervosas (nociceptores) gerando um potencial de ção que é transmitido pelas vias nervosas periféricas, passando pela medula espinhal até o tálamo e depois para o córtex, onde há de fato a consciência da dor, isto é, onde é processada a qualidade emocional ou afetiva da dor e qualidades mais precisas como tipo de dor, localização e ansiedade emocional.
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Aqui fizemos um breve resumo de um assunto muito vasto (para ler mais veja referência [2]), apenas para concluir que a sensação de dor depende de um complexo e integrado sistema nervoso, que não existe nas plantas.
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Plantas não possuem células nervosas, tecidos, órgãos ou sistema nervoso. Nem mesmo algo similar, ou que teria uma função similar às células nervosas ou ao sistema nervoso dos animais.
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Basicamente, as plantas possuem tecidos de revestimento, que servem principalmente para proteção, absorção, excreção, secreção e trocas gasosas; tecidos de preenchimento; tecidos de sustentação; e tecidos de condução – sistema vascular de transporte de seiva.
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Logo, pela falta de um sistema nervoso, ou mesmo de um sistema similar, as plantas não têm a capacidade de perceber ou sentir dor como os humanos e outros animais.
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Tratamos do argumento biológico, mas e a questão espiritual?
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Kardec, na questão 586 [3] do Livro dos Espíritos, pergunta aos espíritos da codificação se as plantas têm consciência de sua existência e a resposta é que “Não. Elas não pensam, não têm mais do que a vida orgânica”.
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Comparemos essa questão com a 597 [4], na qual se questiona se há nos animais um princípio independente da matéria, e a resposta é que “Sim, e que sobrevive ao corpo”. Logo, compreendemos que plantas não têm alma, não têm mais do que a vida orgânica, enquanto os animais possuem alma que sobrevive à morte do corpo.
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Kardec ainda quis saber se as plantas sofrem quando mutiladas, e a resposta dos espíritos foi que “As plantas recebem as impressões físicas da ação sobre a matéria, mas não têm percepções, por conseguinte, não têm a sensação de dor” [5].
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Aqui, vemos a resposta dos Espíritos em conformidade com a ciência atual que diz ser a dor uma percepção, muito além de uma mera impressão física da ação sobre a matéria, como descrito em relação aos nociceptores. E não havendo tal percepção, não há a sensação ou compreensão de dor.
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Contudo, antes de chegar a uma conclusão precipitada e errônea de que as plantas não passam de um amontoado celular, já que não têm alma, é importante visitarmos a questão 607 do Livro dos Espíritos, quando Kardec questiona se pode considerar-se a alma como tendo sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação.
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Respondem os Espíritos que tudo se encadeia na Natureza e que é nesses seres inferiores da criação que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e se ensaia para a vida.
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Assim, o princípio inteligente na fase vegetal ainda não pode ser considerado uma alma, mas é um ser espiritual que anima um corpo físico. Logo, as plantas não são apenas matéria.
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Nesse sentido, vamos encontrar, nas belíssimas palavras do Espírito Joanna de Angelis, informações valiosas sobre a evolução do princípio inteligente [6]:
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“Em tudo se manifesta a Divina Presença. Não há vazio nem silêncio em lugar algum. Deus prossegue criando sem cessar. O Seu psiquismo dá nascimento a verdadeiros fascículos de luz que contêm em germe toda a grandeza da fatalidade do seu processo de evolução. Manifestando-se em sono profundo nos minerais, através dos milhões de milênios, germina, mediante processo de modificação estrutural, transferindo-se para o reino vegetal, às vezes passando pelas formas intermediárias, dando surgimento à sensibilidade, a uma organização nervosa primária de que se utilizará no remoto futuro. Obedecendo a campos vibratórios sutis e inabordáveis, lentamente se transfere para o reino animal, experimentando as variações do transformismo e do evolucionismo, igualmente vivenciando as experiências encarregadas das mutações e variações, desdobrando os instintos, até alcançar os primatas e deles prosseguindo no direcionamento humano.”.
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Assim, a Natureza é sempre o livro divino, onde as mãos de Deus escrevem a história de sua sabedoria, livro da vida que constitui a escola de progresso espiritual do homem [7]. A sabedoria providencial das leis divinas se revela nas menores como nas maiores coisas [8].
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Se as plantas sentissem dor ou sofrimento ao serem colhidas ou cultivadas, do que haveríamos de comer sem causar sofrimento? Estaríamos condenados a causar dor e sofrimento mesmo por uma alimentação estritamente vegana.
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É assim que a sabedoria providencial divina disponibiliza para a alimentação as nossas irmãs plantas, poeticamente descrito em Gênesis [9]:
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“E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento.”.
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E não as deu apenas ao homem, mas também para manutenção da vida “a todos os animais da terra, e a todas as aves dos céus, e a todos os répteis da terra, em que há fôlego de vida, toda a erva verde lhes será para mantimento. E assim se fez.” [10].
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E é assim que compreendemos que, pela vontade do Divino Escultor e da sua Comunidade de Espíritos Puros [11], a providência divina nos abençoou a vida no planeta com todas as nossas necessidades e com toda a sua bondade, sem a absoluta necessidade de que façamos sofrer os nossos irmãos animais para atender aos desvarios de nosso paladar.
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E as nossas irmãs plantas estão aqui conosco, nos servindo agradavelmente não só pelos recursos nutricionais de que carecemos para a manutenção orgânica, mas também com o oxigênio, as belezas, os perfumes, os remédios que nos alimentam e curam o corpo e a alma. E se devemos nossas vidas às plantas, pelo ar que respiramos, pelo alimento, pelo remédio, mais que irmãs, merecem ser chamadas de nossas mães e avós.
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Referências:
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[1] Woolf, CJ (2010). What is this thing called pain? Journal of Clinical Investigation. 120 (11): 3742–3744. doi:10.1172/jci45178.
[2] Site: https://pt.wikipedia.org/wiki/Dor
[3] KARDEC, A. O Livro dos Espíritos, Questão 586.
[4] KARDEC, A. O Livro dos Espíritos, Questão 597.
[5] KARDEC, A. O Livro dos Espíritos, Questão 587.
[6] FRANCO, D. P.; JOANNA DE ANGELIS (Espírito). Iluminação interior. Capítulo 1 “A Divina Presença”.
[7] XAVIER, F. C.; EMMANUEL (Espírito). O Consolador. Questão 27.
[8] KARDEC, A. O Livro dos Espíritos, Questão 13.
[9] MOISÉS. Velho Testamento. Gênesis, cap. 1:29.
[10] MOISÉS. Velho Testamento. Gênesis, cap. 1:30.
[11] XAVIER, F. C.; EMMANUEL (Espírito). A caminho da luz. Capítulo 1 “Gênese planetária”.

O MOVE também indica duas referências didáticas sobre o tema:

[12] Site: https://www.vista-se.com.br/plantas/
[13] Vídeo: https://youtu.be/pEKUK14Fk_A

1 responder
  1. Sandra
    Sandra says:

    Correto. As plantas têm sensibilidade mas não sentem dor e, ainda que sentissem dor se machucadas, mil vezes preferível arrancar um pé de alface do que torcer o pescoço de uma galinha (ai!).

    Responder

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