Extinção em massa, capitalismo e espiritismo – qual a relação?

O ano de 2023 encerrou com inúmeros recordes negativos: recordes de temperatura elevada, intensidade e frequência de tempestades, tornados no sul do país, elevação do nível do mar, etc.

A crise climática que há poucos anos não passava de previsões para um futuro, já está ocorrendo em uma velocidade que tem surpreendido cientistas.

A desconexão com a natureza, impulsionada pelo pensamento antropocêntrico (o ser humano como o centro dos desígnios divinos), aliada à ganância por bens materiais em um processo que dura ao menos 500 anos com as invasões europeias em grande parte do globo, nos trouxe à atual catástrofe socioambiental.

Os fatores que envolvem a crise climática são inúmeros, desde emissões da queima de combustíveis fósseis, desmatamento e criação de animais para consumo, a produção de pesticidas para proteger as monoculturas, que em sua maioria são destinadas a alimentar animais e não pessoas, conforme veremos mais à frente.

Portanto, talvez a raiz de todas essas ações seja o pensamento e o agir antropocêntrico, pois enquanto se tomar por base que o ser humano é o centro da Criação Divina, o nosso modo de agir com o outro que momentaneamente se reveste de um corpo coberto por pelos, penas, escamas e pele diferente da nossa, será pautado na opressão, inferiorização e exploração – ou seja, será pautado em uma atitude especista, onde aquele que não é humano é deixado de fora das considerações ético-morais que valorizamos para nós, que somos da espécie humana.

A ideia de que Deus criou tudo o que existe para benefício do ser humano e que este tem um lugar especial em toda a criação, alienou o ser humano dos danos que tem causado a trilhões de seres vivos todos os anos.

Kardec, em a Gênese [1], deixa bem claro quão absurdo é esse pensamento:

“O orgulho levou o homem a dizer que todos os animais foram criados por sua causa e para satisfação de suas necessidades. Mas, qual o número dos que lhe servem diretamente, dos que lhe foi possível submeter, comparado ao número incalculável daqueles com os quais nunca teve ele, nem nunca terá, quaisquer relações? Como se pode sustentar semelhante tese, em face das inumeráveis espécies que exclusivamente povoaram a Terra por milhares e milhares de séculos, antes que ele aí surgisse, e que afinal desapareceram? Poder-se-á afirmar que elas foram criadas em seu proveito? Entretanto, tinham todas a sua razão de ser, a sua utilidade. Deus, decerto, não as criou por simples capricho da sua vontade, para dar a si mesmo, em seguida, o prazer de as aniquilar, pois que todas tinham vida, instintos, sensação de dor e de bem-estar […].”

Quando vislumbramos superficialmente a história da vida na Terra, fica muito claro quão recente e insignificante é a presença humana nessa história. A jornada da vida terrestre já dura cerca de 4 bilhões de anos. Se analisarmos apenas a denominada “vida complexa”, são cerca de 500 milhões de anos.

Durante esse período, a vida na Terra enfrentou cinco grandes extinções em massa.

A extinção do Permiano ocorreu há cerca de 252 milhões de anos e eliminou cerca de 90% de todas as espécies na Terra.

A melhor explicação para essa extinção foi uma erupção vulcânica maciça na Sibéria, que liberou enormes quantidades de carbono na atmosfera, aquecendo o planeta e alterando a química dos oceanos.

O aquecimento dos oceanos favoreceu as bactérias que produzem sulfeto de hidrogênio, um veneno para a maioria das outras formas de vida. O sulfeto de hidrogênio se acumulou na água e depois vazou para a atmosfera, matando muitos organismos terrestres e marinhos.

A extinção do Permiano durou entre 100 mil a 200 mil anos.

A jornalista Elizabeth Kolbert em seu livro “A sexta extinção – Uma história não natural” [2] traz algumas considerações a respeito das grandes extinções e a diferença delas para a atual:

“Da mesma forma que os engenheiros de som falam de ‘ruído de fundo’, os biólogos falam de ‘extinção de fundo’. Em tempos normais – conceito que deve ser entendido aqui como épocas geológicas inteiras -, é muito raro ocorrer uma extinção.

No que diz respeito ao grupo mais estudado, os mamíferos, foi constatada uma taxa de aproximadamente 0,25 por um milhão de espécies-anos. Isso significa que, considerando que existem cerca de 5.500 espécies de mamíferos vivas hoje em dia, de acordo com a taxa de extinção de fundo, podemos esperar – ainda que de modo aproximado – que uma espécie desaparecerá a cada setecentos anos. As extinções em massa são diferentes. Em vez de um zumbido ao fundo, há um estrondo, e as taxas de extinção disparam.

Hoje, os anfíbios desfrutam da distinção dúbia de ser a classe mais ameaçada do mundo no reino animal: calcula-se que a taxa de extinção do grupo pode ser até 45 mil vezes superior à taxa de fundo. Mas as taxas de extinção entre vários outros grupos estão se aproximando do nível da dos anfíbios. Estima-se que um terço de todos os recifes de corais, um terço de todos os moluscos de água doce, um terço dos tubarões e arraias, um quarto dos mamíferos, um quinto de todos os répteis e um sexto de todas as aves estão a caminho do desaparecimento. Essas perdas estão ocorrendo em todos os lugares: no Pacífico Sul e no Atlântico Norte, no Ártico e no deserto do Sahel, em lagos e ilhas, nos cumes das montanhas e nos vales. Se você souber observar, há grandes chances de que encontrará indícios da atual extinção em seu próprio quintal.”

Enquanto a maior extinção (Permiano) ocorreu durante um longo período (entre 100 mil a 200 mil anos) a atual está ocorrendo em apenas alguns séculos com um crescimento muito grande no último meio século. Uma velocidade jamais vista na história da vida, justamente porque não está ocorrendo em virtude de fenômenos naturais, mas devido ao nosso modo adoecido de se relacionar com tudo o que vive nesse mundo.

Peguemos por exemplo os famosos dinossauros. Eles “dominaram” o planeta por cerca de 150 milhões de anos. Surgiram no Sul da América do Sul, no Triássico Médio, e foram extintos no Cretáceo Superior. O fóssil mais antigo desse formidável grupo de répteis foi encontrado no Brasil, na Região Central do Estado do Rio Grande do Sul, e foi batizado como Staurikosaurus pricei.

Diversificaram-se nas mais variadas formas, tamanhos e habilidades. Erroneamente o senso comum enxergava esses animais como seres primitivos, brutos e irracionais, porém, as constantes descobertas paleontológicas demonstram que os seres que habitaram o planeta há milhões de anos possuíam habilidades, comportamentos e inteligência semelhantes aos animais atuais. Algumas espécies possuíam senso de paternidade cuidando dos filhos, outras organizavam-se hierarquicamente em grupos, desenvolviam estratégias de ataque e defesa em conjunto e claro, todos eles eram sencientes. [3]

Sobre a inteligência e comportamento de animais pré-históricos, diversos estudos demonstram que no quesito inteligência as semelhanças com espécies atuais é grande. Um estudo publicado na revista The Journal Of Comparative Neurology [4] sugere que o famoso Tiranossauro Rex tinha o mesmo grau de inteligência que um babuíno atual, que, por sua vez, de acordo com equipe de pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, descobriu que a personalidade de alguns babuínos, primatas típicos da África, se parece muito com a dos seres humanos na hora de fazer amigos ou manter laços duradouros com outros exemplares. [5]

No livro “A Caminho da Luz”, psicografia do Espírito Emmanuel através de Chico Xavier, verificamos logo no início do livro as considerações de Emmanuel a respeito dos seres primitivos. O item em questão recebe o título de “Os ensaios assombrosos” e Emmanuel discorre uma sequência de opiniões claramente equivocadas a respeito desses seres primitivos que confrontam o que sabemos hoje sobre a inteligência, comportamento e aparência desses animais. Vejamos na íntegra o trecho em questão com os pontos principais destacados por nós:

Os ensaios assombrosos
“Nessa altura, os artistas da criação inauguram novos períodos evolutivos, no plano das formas.
A Natureza torna-se uma grande oficina de ensaios monstruosos. Após os répteis, surgem os animais horrendos das eras primitivas.
Os trabalhadores do Cristo, como os alquimistas que estudam a combinação das substâncias, na retorta de acuradas observações, analisavam, igualmente, a combinação prodigiosa dos complexos celulares, cuja formação eles próprios haviam delineado, executando, com as suas experiências, uma justa aferição de valores, prevendo todas as possibilidades e necessidades do porvir. Todas as arestas foram eliminadas. Aplainaram-se dificuldades e realizaram-se novas conquistas. A máquina celular foi aperfeiçoada, no limite do possível, em face das leis físicas do globo. Os tipos adequados à Terra foram consumados em todos os reinos da Natureza, eliminando-se os frutos teratológicos e estranhos, do laboratório de suas perseverantes experiências. A prova da intervenção das forças espirituais, nesse vasto campo de operações, é que, enquanto o escorpião, gêmeo dos crustáceos marinhos, conserva até hoje, de modo geral, a forma primitiva, os animais monstruosos das épocas remotas, que lhe foram posteriores, desapareceram para sempre da fauna terrestre, guardando os museus do mundo as interessantes reminiscências de suas formas atormentadas.”

O objetivo dessa comparação entre a opinião de Emmanuel, principalmente relativa ao seu quesito de beleza e perfeição das formas e a ideia que transmite ao leitor de que os seres pré-históricos eram animais brutos, horrendos, monstruosos, habitando corpos com formas atormentadas, basicamente seres irracionais, está de acordo com algumas visões que se tinha desses seres à época em que a obra fora escrita (1939), porém, contrasta com o que as atuais pesquisas científicas têm demonstrado. Portanto, faz-se necessário aceitarmos que, embora seja inegável a envergadura espiritual e moral de Emmanuel, o mesmo não se encontra isento de equívocos, como na referência citada, imbuído pelo conhecimento que se tinha a respeito dessas criaturas na época em que a obra foi escrita.

Ressaltamos que, apesar de discordarmos das opiniões do autor espiritual referente ao trecho citado, é inegável, através de outras obras, que Emmanuel demonstrou ser adepto de uma visão de mundo não antropocêntrica e anti-especista, inclusive advogando a favor da abstenção de carne na alimentação ao responder a questão 129 do livro “O Consolador”.

Outros pontos relativos a questões que envolvem o passado também precisam de uma leitura atualizada, como o que encontramos nas obras básicas de Kardec a respeito dos povos originários. Novamente encontramos, através das palavras do organizador da doutrina espírita, o pensamento dominante de sua época em relação aos povos primitivos e aqueles que habitavam as florestas como sendo seres pouco evoluídos espiritual e materialmente.

Uma impressionante descoberta realizada por pesquisadores descobriu grandes áreas urbanas e estradas na Amazônia equatoriana de 2.000 anos. Seria uma enorme comunidade, similar em tamanho às maiores cidades da época. Ruas com 10 metros de largura, atingindo 20 km de comprimento, com estimativas de uma população de cerca de 10.000 agricultores.[6] A ideia de que a Amazônia havia sido habitada por grandes civilizações tem sido rejeitada há séculos justamente pelo império de um pensamento eurocêntrico no meio acadêmico, na cultura, educação, religião, economia e na sociedade em geral, que nos tempos atuais começa a desmoronar devido a sucessão de importantes descobertas, como a mencionada acima, e pelo pensamento decolonial, que questiona a ideia de que o conhecimento e a cultura europeus são superiores e universais, argumentando que essas noções são produtos de uma história de dominação e exploração.

Faz-se necessário reler as obras espíritas com a compreensão de que as mesmas, assim como qualquer obra escrita por seres humanos, encontram-se fortemente influenciadas pela visão de mundo dominante na sociedade na época em que foram escritas. No caso das obras de Kardec, estão fortemente influenciadas pelo positivismo, eurocentrismo e antropocentrismo.

Reconhecer essas questões ambíguas e equivocadas nas obras espíritas, longe de diminuir o valor dessas obras, engrandecem-nas, pois passamos a compreender melhor a realidade em que vivemos juntando as visões do passado com a atualidade, construindo um espiritismo não especista, que não mais discriminará os seres pela veste temporária de carne que habitam, mas valorizando indiscriminadamente a todos os espíritos, independente da espécie.

O verdadeiro problema e perigo que trazemos para o espiritismo está justamente em dogmatizar e sacralizar cada letra, cada vírgula escrita seja por Kardec, Emmanuel ou qualquer outro espírito, agindo de forma contrária às orientações do próprio Kardec que sempre analisou tudo de forma racional e imparcial. Sacralizar as obras espíritas significa engessar o conhecimento espírita, relegando-o apenas ao conhecimento que havia nos séculos XIX e XX, sepultando, assim, qualquer progresso de uma doutrina cuja fundação tem por objetivo o contínuo progresso. O Espiritismo está pautado no tripé ciência, filosofia e religião, e o dogmatismo não aceita análises e críticas – portanto, faz-se necessário a vigilância e combate a esse espiritismo dogmático que desponta em muitos locais.

Voltemos aos seres pré-históricos. Atualmente há um consenso de que nem todos os dinossauros foram extintos, classificando-os, grosso modo, em dois grupos; os dinossauros não avianos e os dinossauros avianos, sendo esses últimos, as aves de hoje.

Não apenas os dinossauros avianos sobreviveram à queda do meteoro juntamente com nossos ancestrais mamíferos e outras espécies, como continuaram a adaptar-se às variações periódicas do clima no planeta nos últimos 66 milhões de anos.

Porém, ao verificar o estado das aves atuais, vergonhosamente encontramos números desoladores, desde a quantidade de espécies extintas pela ação humana, a hecatombe monstruosa de dezenas de bilhões de aves que são escravizadas e mortas todos os anos para a acumulação de capital, pois o capitalismo “educou” as pessoas a comer cada vez mais carne e demais produtos de origem animal, principalmente a partir das décadas de 1960 e 70. Nosso paladar foi culturalmente modificado para atender à ganância por lucros astronômicos de uma indústria que despontou nas décadas citadas, a pecuária industrial.

De acordo com a FAO, a produção mundial de carne aumentou significativamente nas últimas décadas. Por exemplo, a produção de carne de frango mais do que triplicou entre 1980 e 2018, passando de cerca de 30 milhões de toneladas para mais de 120 milhões de toneladas. A agricultura industrial, que se expandiu significativamente com o capitalismo, prioriza a produção em larga escala de produtos de origem animal, estando ligado diretamente à lógica do capitalismo de crescimento econômico contínuo e maximização do lucro.

O marketing e a publicidade também desempenham um papel importante, promovendo a ideia de que o consumo de carne está associado ao sucesso, a saúde e ao estilo de vida moderno, incentivando as pessoas a consumir mais carne.

Segundo estudo publicado em dezembro de 2023 na revista científica Nature Communications, [7] cerca de uma em cada nove espécies de aves foi extinta nos últimos 126 mil anos, e os humanos foram, provavelmente, os responsáveis ​​pela maior parte dessas extinções, muitas das quais nunca foram documentadas, representando uma taxa de cerca de 80 vezes a taxa de extinção de fundo, que é aquela que representa a taxa de extinção em tempos normais.

Sobre a questão da alimentação, teria o Criador, em sua bondade e sapiência, salvo os dinossauros avianos da extinção, para que depois de 66 milhões de anos fossem escravizados e mortos aos bilhões em favor de uma única espécie (a nossa) a qual supostamente Ele teria elegido como sua preferida?

Kardec, Emmanuel e outros benfeitores, assim como o mais simples raciocínio lógico e, principalmente, a compaixão, nos demonstram quão absurdo é o que fazemos com as aves, mamíferos, peixes e outros animais que criamos e matamos aos bilhões todos os anos.

A ciência e a existência de milhões de pessoas que vivem sem consumir nenhum produto de origem animal nos demonstram que as coisas não precisavam ser como são.

É necessário refletir que renascemos em uma sociedade que se especializou em naturalizar o que jamais deveria ser naturalizado.

Renascemos em um sistema econômico, político e social (capitalismo) que naturalizou a obtenção de lucro acima da vida.

Renascemos nesse sistema que naturalizou a destruição da natureza como justificativa para o progresso material.

Renascemos nesse sistema que naturalizou a inseminação artificial de animais, o que nada mais é que o estupro de milhões de fêmeas para que produzam filhotes e leite, e estes sejam roubados delas para obtenção de lucro.

Renascemos nesse sistema que naturalizou a escassez proposital de empregos como estratégia de obtenção de mão de obra barata gerando uma incessante busca por trabalho a milhões de pessoas, sujeitando-se aos mais diversos abusos, desde longas jornadas de trabalho a longas horas dentro de um coletivo para ir e voltar para casa, ambientes insalubres física e mentalmente, etc.

Renascemos nesse sistema que naturalizou o fato de que quase 1 bilhão de pessoas passam fome todos os dias, enquanto quase metade das terras não cobertas por gelo no planeta (ou 75% das áreas agrícolas) são destinadas a pastagem ou produção de ração – o Brasil usa 79% dos seus cultivos para ração, 16% para consumo humano e 5% para outros usos. [8]

No quadro abaixo verificamos a porcentagem de calorias fornecidas por animais e vegetais. Apenas os vegetais fornecem mais calorias do que consomem:

A lista infelizmente é praticamente infinita.

O que precisamos, enquanto espíritas, é reconhecer quão adoecido e distante dos desígnios divinos o nosso Estar no mundo se tornou, e abolirmos, na medida do que nos for possível, toda e qualquer conivência com a geração de tantas dores a seres humanos e não humanos.

É preciso resistir ao sistema vigente de todas as formas possíveis, trabalhando para sua modificação e consequente construção de um mundo verdadeiramente regenerado. Regeneração essa que jamais irá acontecer, enquanto formos coniventes, mesmo que indiretamente, com as inúmeras formas de opressão a humanos e não humanos vigentes.

Os milhares de centros espíritas espalhados pelo mundo representam uma maravilhosa ferramenta de disseminação dessa nova forma de estar no mundo, trazida pela espiritualidade, a ciência e os povos originários, os quais possuem conhecimentos e hábitos muito mais condizentes com um mundo regenerado do que a nossa sociedade atual, fortemente influenciada pelo materialismo e antropocentrismo.

Através de pequenas mas importantes mudanças, os centros espíritas podem influenciar as comunidades ao redor a repensarem seus hábitos, como por exemplo:

  1. Que os Centros Espíritas adotem o vegetarianismo, seja nas cantinas, almoços beneficentes, comemorações, doações de alimentos e similares;
  2. Que os Centros Espíritas passem a utilizar produtos que não façam testes em animais ou contenham ingredientes de origem animal;
  3. Que os Centros Espíritas adotem medidas ecológicas, como reciclagem, separação e destinação correta de resíduos, utilização de recipientes reutilizáveis ou biodegradáveis ao invés de plásticos, etc;
  4. Que as Federações Espíritas disponibilizem “Cartilhas Nutricionais de Transição para o Vegetarianismo” e “Em Favor da Vida dos Animais”, além de aperfeiçoar os materiais de Estudos Sistematizados para uma perspectiva não antropocêntrico-especista;
  5. Que os Centros Espíritas apoiem outros Centros que tratam animais e façam parcerias com movimentos e organizações de proteção aos animais;
  6. Que os Centros Espíritas promovam o ensino da Ética Animal desde a infância, seja por materiais didáticos, palestras, seminários, congressos, grupos de estudo, entrevistas, livros, revistas etc;
  7. Que os Centros Espíritas ofereçam atendimento aos animais, usando os recursos terapêuticos espíritas e de natureza mediúnica, como passes, preces e água fluidificada;
  8. Que os Centros Espíritas realizem ações sociais de amparo aos animais em situação de rua, assim como realizam aos humanos;
  9. Que os Centros Espíritas incluam os animais em suas campanhas e listas de orações e preces habituais, orientando inclusive que no Culto no Lar os animais sejam lembrados.[9]

Dentre outras inúmeras possibilidades que podem surgir, principalmente ao observar as demandas da região ao redor das casas espíritas.

Em relação ao item 4, a Federação Espírita Brasileira em parceria com o Movimento pela Ética Animal Espírita publicou dois volumes do livreto “Em defesa da vida animal – Violência, não!” que traz um compilado de inúmeras referências de benfeitores espirituais a respeito dos mais diversos temas que envolvem a nossa relação com os animais e toda a natureza.

Diante dos ensinamentos e das promessas de Jesus e tantos outros benfeitores do planeta, fica claro que podemos desde já estar no mundo sem ser do mundo, conforme a referência bíblica que significa pautar a nossa existência através da ética e do cuidado para com todas as criaturas, sejam elas humanas ou não, desfazendo, assim, séculos de ilusão de superioridade perante as demais criaturas que o antropocentrismo impregnou nossos espíritos, deixando-nos cegos para o mal e a catástrofe global que estávamos construindo, e que no momento atual demonstra-se uma realidade inegável.

Que o nosso estar no mundo seja para auxiliar a todos os seres vivos, conforme o próprio Cristo nos recomendou e que Francisco de Assis exemplificou através da vivência literal de Mateus 16:15: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura”.

Referências

[1] KARDEC, A. A Gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB (site). Capítulo 7. Item 32, pp. 138
[2] Kolbert, Elizabeth – A sexta extinção – Uma história não natural, Intrínseca
[3] A senciência é a capacidade de ser afetado positiva ou negativamente. É a capacidade de ter experiências. Não é a mera capacidade para perceber um estímulo ou reagir a uma dada ação, como no caso de uma máquina que desempenha certas funções quando pressionamos um botão. A senciência, ou a capacidade para sentir, é algo diferente, isto é, a capacidade de receber e reagir a um estímulo de forma consciente, experimentando-o a partir de dentro. https://www.animal-ethics.org/o-que-e-senciencia/
[4] https://canaltech.com.br/ciencia/tiranossauro-rex-era-tao-inteligente-quanto-um-babuino-235824/
[5] https://g1.globo.com/natureza/noticia/2012/10/babuinos-se-assemelham-humanos-na-hora-de-fazer-amigos-diz-estudo.html
[6]https://www.science.org/doi/10.1126/science.adi6317?fbclid=IwAR3_x0fUtuX5j4z9kO8EMxUnl7H0ySKrvWFt2CzF6vQOstIilvPZ4HTIQf8
[7] https://www.nature.com/articles/s41467-023-43445-2#Abs1
[8] https://veg.svb.org.br/images/livros/comendo_o_planeta.pdf
[9] https://eticaanimalespirita.org/2020/08/03/nosso-pedido/