Card #21: “Vós que vedes luzes nestas letras…tende compaixão dos pobres animais”

Será que temos ofuscado as luminosas letras espíritas que pedem mudança de hábitos nocivos aos animais?

Temos, enquanto movimento espírita, desde a evangelização da infância ensinado as crianças a compaixão pelos animais?

Se pesquisarmos nos espaços físicos e virtuais espíritas os temas que buscam livrar os animais do sofrimento (vegetarianismo, veganismo, ecologia…) encontraremos o suficiente para a formação de uma cultura espírita não especista?

Os bons espíritos não economizaram palavras para nos pedir engajamento na extinção da crueldade contra os animais. Disse Emmanuel: “Recorda os elos sagrados que nos ligam uns aos outros na estrada evolutiva e colabora na extinção da crueldade com que até hoje pautamos as relações com os nossos irmãos menores.” [1]

Sobretudo, não deixaram de pintar com suas letras os comoventes cenários da exploração dos animais, como a fazer luz para que vissemos a triste realidade que submetemos os animais e trabalhassemos para mudá-la.

O benfeitor Alexandre narrou com detalhes para André Luiz:

“A pretexto de buscar recursos protéicos, exterminávamos frangos e carneiros, leitões e cabritos incontáveis. Sugávamos os tecidos musculares, roíamos os ossos. Não contentes em matar os pobres seres que nos pediam roteiros de progresso e valores educativos, para melhor atenderem a Obra do Pai, dilatávamos os requintes da exploração milenária e infligíamos a muitos deles determinadas moléstias para que nos servissem ao paladar, com a máxima eficiência. O suíno comum era localizado por nós, em regime de ceva, e o pobre animal, muita vez à custa de resíduos, devia criar para nosso uso certas reservas de gordura, até que se prostrasse, de todo, ao peso de banhas doentias e abundantes. Colocávamos gansos nas engordadeiras para que hipertrofiassem o fígado, de modo a obtermos pastas substanciosas destinadas a quitutes que ficaram famosos, despreocupados das faltas cometidas com a suposta vantagem de enriquecer os valores culinários. Em nada nos doía o quadro comovente das vacas-mães, em direção ao matadouro, para que nossas panelas transpirassem agradavelmente. Encarecíamos, com toda a responsabilidade da Ciência, a necessidade de proteínas e gorduras diversas, mas esquecíamos de que a nossa inteligência, tão fértil na descoberta de comodidade e conforto, teria recursos de encontrar novos elementos e meios de incentivar os suprimentos protéicos ao organismo, sem recorrer às indústrias da morte.” [2]

Infelizmente ainda não é do senso comum a hecatombe cometida contra os animais na Terra, seja em pesquisas científicas, entretenimento, vestuário, alimentação…

O mesmo benfeitor, Alexandre, frisou que temos agido como “verdugos crueis”, “vampiros insaciáveis”, “infratores da lei de auxílio” no que tange a nossa relação com os animais, e descreveu até mesmo a triste ambiência espiritual de um matadouro, para o espanto de André Luiz: 

“Pelas vibrações ambientes, reconheci que o lugar era dos mais desagradáveis que conhecera, até então, em minha nova fase de esforço espiritual. Seguindo Alexandre de muito perto, via numerosos grupos de entidades francamente inferiores que se alojavam aqui e ali. Diante do local em que se processava a matança dos bovinos, percebi um quadro estarrecedor. Grande número de desencarnados, em lastimáveis condições, atiravam-se aos borbotões de sangue vivo, como se procurassem beber o líquido em sede devoradora…” – Está observando, André? Estes infelizes irmãos que nos não podem ver, pela deplorável situação de embrutecimento e inferioridade, estão sugando as forças do plasma sanguíneo dos animais. São famintos que causam piedade.” [3]

Poucos sabem o quanto de sofrimento animal se encontra nas suas roupas, cintos, bolsas, carteiras, por exemplo, bem como nos seus cosméticos, produtos de higiene e entretenimentos. Até mesmo na alimentação muitos não associam um bife a um pedaço de um animal.

Tamanha desensibilização e alienação é intencionalmente produzida, com vistas ao lucro, através da ocultação e mascaração da realidade. Como disse Paul McCartney, “se os matadouros tivessem paredes de vidro todos seriam vegetarianos.”

Não podemos mais nos deixar enganar pela estratégia alienante conhecida como “dissonância cognitiva”, que busca fazer com que, por exemplo, o consumidor não associe um “alimento” comercializado numa propaganda ao animal que fora cruelmente abatido. Tal estratégia visa que o bom sentimento de não causação de sofrimento aos animais não entre em contradição com o seu corpinho naquele comercial, de modo que se consuma sem culpa ou remorso, dissociada da realidade.

Por isso, os benfeitores espíritas, como Cairbar Schutel, descreveram as inúmeras maneiras com que a humanidae faz sofrer os animais, pedindo justiça, amor e compaixão pelos nossos irmãos menores! Apelou Cairbar:

“Tende compaixão dos pobres animais, não os espanqueis, não os maltrateis, não os repudieis! Sede bons para com os vossos irmãos inferiores, como desejais que o Pai celestial vos cerque de carinho e de amar! Não encerreis em gaiolas os pássaros que Deus criou para povoarem os ares, nem armeis ciladas aos animais que habitam as matas e os campos! Renunciai as caçadas, diversão vil das almas baixas, que se alegram com os estertores das dores alheias. Senhores! Acariciai os vossos ginetes, os vossos cães, dai-lhes remédio na enfermidade, tratamento, liberdade e repouso na velhice! Lembrai-vos que os animais são seres vivos, que sentem, que se cansam, que têm força limitada, e finalmente, que pensam. Senhores e matronas! Moços, moças e crianças! (…) Sede seus anjos tutelares, e não anjos diabólicos e maléficos, a cercá-los de tormentos, a infringir-lhes sofrimentos! Sede benevolentes para com os seres inferiores, como é benevolente, para com todos, o nosso Pai que está nos Céus!” [4]

Assim, que possamos nos MOVEr por uma cultura de paz também para os animais, dando visibilidade às centenas de mensagens dos bons espíritos e da ciência que tanto nos alertaram sobre o quanto temos sido crueis, contribuindo para assumirmos a nossa condição divina de zelosos irmãos mais velhos dos animais.

Referências:

[1] XAVIER, F. C.; EMMANUEL (Espírito). Alvorada do Reino. 1 ed. São Paulo: IDEAL, 1988. 102 p. Capítulo 15 “Na senda de ascensão”, pp. 78-82.

[2] XAVIER, F. C.; ANDRÉ LUIZ (Espírito). Missionários da Luz. 45 ed. 3 imp. Brasília: FEB, 2015. 382 p. Capítulo 4 “Vampirismo”, pp. 42-46, pelo benfeitor Alexandre.

[3] XAVIER, F. C.; ANDRÉ LUIZ (Espírito). Missionários da Luz. 45 ed. 3 imp. Brasília: FEB, 2015. 382 p. Capítulo 11 “Intercessão”, pp. 143-145.

[4] SCHUTEL, C. Gênese da alma. 7 ed. Matão: O CLARIM, 2011. 136 p. Capítulo “Apelo em favor dos animais”, pp. 111-113.

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